Ministro da Fazenda questionou o presidente da Câmara sobre a prorrogação da votação da nova regra fiscal e se isso teria relação com as negociações sobre a entrega de ministérios ao Centrão
TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em declaração à imprensa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ao fundo
Em conversa com jornalistas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), falou sobre o encontro que teve com Arthur Lira (PP) nesta quarta-feira, 2. O ministro contou que questionou o presidente da Câmara dos Deputados sobre o adiamento da votação do arcabouço fiscal e se isso teria relação com as negociações que envolvem a entrega de ministérios ao Centrão: “Ele [Arthur Lira] falou que não tem nada a ver o arcabouço fiscal com mexida em ministério, absolutamente, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nós temos o compromisso de votar o arcabouço, até em virtude do fechamento do orçamento. Não tem como mandar o orçamento sem a nova regra fiscal aprovada, estamos todos conscientes disso. Provavelmente ele deve chamar uma reunião com os líderes para discutirmos os dois projetos, o da Câmara e o do Senado”. Haddad disse ainda que Lira não se comprometeu com um prazo para a aprovação do arcabouço. No entanto, o ministro afirmou que espera um acordo em breve.
“Nós devemos ter nos próximos dias o arcabouço votado, talvez na semana que vem ainda. Ele não se comprometeu com prazo porque precisa reunir os líderes, mas ele falou que não vai esperar nada. Não tem nenhum constrangimento em relação ao governo, ele não está esperando nenhuma ação do governo para votar. Ele deixou claríssimo isso, até porque ele sabe da importância de definir as regras do orçamento do ano que vem. Não tem orçamento do ano que vem sem essa matéria votada”, declarou Haddad. A previsão era de que o arcabouço fiscal fosse votado em segundo turno na Câmara dos Deputados nesta semana. O texto sofreu alterações no Senado Federal, o que não agradou uma ala do Centrão ligada a Lira.
O relator da medida na Câmara, deputado Cláudio Cajado (PP), já declarou que reverteu as mudanças e incluiu novamente no limite de gastos o Fundo Constitucional do Distrito Federal, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e os gastos com ciência, tecnologia e inovação. Na visão do relator, o Senado levou em consideração decisões políticas, e não técnicas, ao fazer as alterações. Paralelamente, movimentações têm ocorrido entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional para articular uma reforma ministerial que acomode partidos do Centrão na Esplanada dos Ministérios. De acordo com o relatado pelo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT), que se reuniu com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, nesta quarta, o governo não tem pressa para fazer as alterações e ponderou que o Legislativo tem até o final do mês para votar o arcabouço fiscal.
*Com informações da repórter Janaína Camelo