O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu neste sábado, 20, uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e criticou a existência de “blocos antagônicos” no grupo. Em discurso durante encontro entre líderes do G7 – que reúne Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá -, o mandatário brasileiro falou sobre recuperar a eficácia, autoridade política e moral do órgão. O chefe do Executivo também relembrou a última vez que participou do encontro, em 2009, para a Cúpula de L´Áquila, e disse que o mundo vive, atualmente, uma sobreposição de múltiplas crises. “Pandemia da Covid-19, mudança do clima, tensões geopolíticas, uma guerra no coração da Europa, pressões sobre a segurança alimentar e energética e ameaças à democracia. Para enfrentar essas ameaças é preciso que haja mudança de mentalidade. É preciso derrubar mitos e abandonar paradigmas que ruíram. (…) Não tenhamos ilusões. Nenhum país poderá enfrentar isoladamente as ameaças sistêmicas da atualidade. A solução não está na formação de blocos antagônicos ou respostas que contemplem apenas um número pequeno de países. (…) Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente”, afirmou.
O encontro “Trabalhando Juntos para Enfrentar Múltiplas Crises” aconteceu em em Hiroshima, no Japão, onde Lula também considerou não fazer sentido não ver sentido em convidar países emergentes para resolver “crises múltiplas” sem que suas preocupações sejam atendidas, e sem que essas nações estejam representadas nos principais órgãos de governança global. “A consolidação do G-20 como principal espaço para a concertação econômica internacional foi um avanço inegável. Ele será ainda mais efetivo com uma composição que dialogue com as demandas e interesses de todas as regiões do mundo. Isso implica representatividade mais adequada de países africanos. Coalizões não são um fim em si, e servem para alavancar iniciativas em espaços plurais como o sistema ONU e suas organizações parceiras. Sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI”, concluiu.