Presidente voltou a criticar atual taxa Selic, abrindo uma nova ofensiva contra o Banco Central; na semana passada, petista disse que alíquota era ‘excrescência ao país’
WAGNER VILAS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participa de duas inaugurações em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta sexta-feira, 2, cerimônia de inauguração do Bloco Zeta, na UFABC (Universidade Federal do ABC), em São Bernardo do Campo. Ao lado dos ministros Fernando Haddad, Cida Gonçalves, Camilo Santana e Márcio França e de aliados, como Gleisi Hoffmann (PT), o mandatário exaltou a educação prioridade de seu terceiro mandato e disse que o campus no ABC era “um sonho”. “Era presidente do sindicato, viajava o Brasil e não conseguia entender como a região mais industrializada do Brasil, que tinha a parte da classe trabalhadora mais bem formada nesse país, não tinha acesso a uma universidade federal”, iniciou o petista. Luiz Inácio também chamou a atenção dos presentes e criticou a ideia de que a educação é um gasto público. Para ele, se a edução é a “base de tudo”, o governo deve falar em fazer investimentos. “Não podemos mais utilizar a palavra gasto”, continuou. “Gasto é a gente pagar 13,75% por juros para o sistema financeiro desse país. Isso é gasto, o restante é investimento”, acrescentou.
A fala do petista representa uma nova ofensiva de Lula contra a atual taxa de juros, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Como o site da Jovem Pan mostrou, na semana passada, durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o petista declarou que a atual taxa Selic é uma “excrescência ao país”. “Eu quero dizer aqui na Fiesp: é uma excrescência, nos dias de hoje, a taxa de juros ser 13,75%. É uma excrescência para este país. O país não merece isso. Eu já fiz críticas, mas neste país, em que o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria, um presidente da República não pode nem criticar o Banco Central porque ele está interferindo na economia”, declarou o presidente. Em outra ocasião, no início de maio, o petista também criticou a decisão do Copom por manter a taxa em 13,75% pela sexta vez seguida. “É engraçado, é muito engraçado o que se pensa neste país. Todo mundo aqui pode falar de tudo, só não pode falar de juros. Todo mundo tem que ter cuidado. Ninguém fala de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”, declarou o petista, em uma referência ao presidente do Bacen, Roberto Campos Neto.