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Embaixada se desculpa e família critica desencontro

 
Camilla Germano, Victor Correa e Thays Martins
A embaixada do Brasil no Reino Unido pediu desculpas em uma mensagem privada para as famílias de Dom Phillips e Bruno Pereira, após ter informado que os corpos deles haviam sido encontrados na última segunda-feira. O jornalista e o indigenista estão desaparecidos desde 5 de junho. As informações foram confirmadas pelo jornal The Guardian e pelo blog da Andreia Sadi, do portal G1. Ambos os portais confirmam também que os familiares receberam o pedido de desculpa.
O jornal The Guardian havia recebido a notícia dos familiares de que os corpos do jornalista e do indigenista tinham sido encontrados. No entanto, a informação repassada pelo embaixador brasileiro no Reino Unido foi desmentida pela equipe da Polícia Federal que está comandando as buscas no Vale do Javari, na Amazônia.O embaixador Fred Arruda fez um pedido de desculpas para as famílias e afirmou ainda que foram “enganados” por informações que receberam, segundo o texto do The Guardian.
A família britânica de Dom Philips divulgou nota ontem sobre as informações contraditórias em relação ao desaparecimento do jornalista e do indigenista. Eles afirmam que foram contatados na segunda-feira pelo representante da embaixada brasileira em Londres, Roberto Doring.
“Fomos avisados por telefone de que dois corpos haviam sido encontrados. Porém, devido ao fato de que ainda era cedo no Brasil, a identificação não havia ocorrido”, diz a nota, assinada por irmãos, sobrinhas e cunhada de Dom Philips. “Agora, às 8h30 no horário britânico, em 14 de junho, não temos nenhuma atualização sobre essa posição. Para complicar nossa situação já angustiante, fomos informados de forma confiável que a Polícia Federal no Brasil está contradizendo isso”, continua.
A Polícia Federal negou, na segunda-feira, as informações de que dois corpos haviam sido encontrados durante as buscas, afirmando que foram encontrados apenas materiais biológicos, já enviados para perícia, e pertences pessoais. “Só podemos esperar que, com o passar do tempo, vamos entender o que aconteceu e os relatos serão reconciliados. Estamos escolhendo não dar entrevistas à imprensa sobre a situação atual e oferecemos este comunicado na esperança de explicar o que sabemos, e o desafio que estamos enfrentando para entender o que aconteceu”, afirma a família.
Ameaças O desaparecimento do servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e do jornalista britânico chamou a atenção para uma situação que vem sendo vivida por servidores da instituição e por indígenas. Considerado o maior especialista em indígenas isolados, Bruno pediu licença da Funai em janeiro de 2020, logo após ter sido exonerado do cargo de coordenador-geral de índios isolados e de recente contato, em 2019.
A saída dele foi assinada pelo número dois no Ministério da Justiça, ainda na gestão de Sergio Moro, logo após Bolsonaro assumir a Presidência. Na época, a exoneração foi atribuída a pressão de ruralistas. De acordo com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), a perseguição começou a ocorrer depois que ele atuou em uma operação que destruiu mais de 60 balsas de garimpo ilegal na terra indígena Vale do Javari, em 2019. Em nota, a Funai negou que Bruno estivesse sendo perseguido na instituição e disse que cargos de confiança são de livre nomeação e exoneração.
Além disso, Bruno estava sendo ameaçado por caçadores e garimpeiros, segundo a Univaja. De acordo com relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de abril, pelo menos 32 líderes indígenas e quatro servidores públicos que trabalham com comunidades indígenas receberam ameaças de morte em 2021. Em 2019, na mesma região, foi assassinado o ex-colaborador da Funai Maxciel Pereira, após participar de uma operação que apreendeu grande quantidade de caça e pesca ilegal no território. De acordo com a Pastoral da Terra, pelo menos 313 pessoas foram assassinadas na Amazônia nos últimos 10 anos.
Relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de 2021 mostrou que os casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio” aumentaram nos últimos anos. Foram 263 casos do tipo registrados em 2020 – um aumento em relação a 2019, quando foram contabilizados 256 casos, e um acréscimo de 141% em relação a 2018, quando haviam sido identificados 109 casos. Esse foi o quinto aumento consecutivo.
Na Funai, pelo menos três dirigentes deixaram seus postos nos últimos dias. Na segunda, servidores da instituição anunciaram greve como resposta à fala do presidente da autarquia, Marcelo Augusto Xavier da Silva, de que Bruno e Dom não avisaram às autoridades sobre a ida à região. Um dos pedidos dos servidores é por mais segurança para a região do Vale do Javari.
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