São Paulo — Os times do Palmeiras e do Cruzeiro se enfrentam, na próxima quinta-feira (31/10), pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro Sub-20. O jogo acontece em meio ao clima de tensão após a emboscada que resultou na morte de um torcedor cruzeirense na madrugada de domingo (27/10) na Rodovia Fernão Dias, na altura de Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo.
O jogo de ida será realizado no Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo. A volta está marcada para o dia 7/11, no estádio Castor Cifuentes, em Nova Lima (MG).
Rixa antiga
A rixa entre as duas torcidas é antiga. Em 2022, palmeirenses e cruzeirenses promoveram uma outra batalha na mesma Rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais.
Na ocasião, os palmeirenses seguiam a caminho da capital mineira, onde o Verdão joga contra o Atlético-MG pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. Já os cruzeirenses se deslocavam para Campinas, onde a equipe tem jogo contra a Ponte Preta pela 32ª rodada da série B.
A briga ocorreu na altura do km 593, no município de Carmópolis de Minas, a 110km de Belo Horizonte. Em maior número, os torcedores do Cruzeiro espancaram diversos membros da torcida do Palmeiras, entre eles, Jorge Luis, atual presidente da Mancha Verde.
Como foi a emboscada
Na emboscada desse fim de semana, além da morte de um torcedor do Cruzeiro, outros 17 ficaram feridos — sete deles tiveram traumatismo craniano. Por volta das 5h da manhã de domingo, no km 65 da Rodovia Fernão Dias, no centro de Mairiporã, um grupo de palmeirenses atacou rivais, que voltavam de Curitiba, onde o Cruzeiro jogou no sábado (26/10) com o Athletico Paranaense e perdeu por 3 a 0.
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram acionados para a ocorrência e, no local, encontraram um ônibus incendiado e outro depredado. Foram apreendidos rojões, fogos de artifício, barras de ferro e madeiras, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Com a aproximação das equipes da PRF e da Polícia Militar de São Paulo, os agressores envolvidos fugiram pelas vias locais.
Em nota divulgada nesta segunda-feira (28/10), a principal torcida organizada do Palmeiras, a Mancha Alvi Verde negou participação no ataque. No comunicado, a torcida organizada lamenta a morte do cruzeirense e diz repudiar “toda e qualquer forma de violência”.
“A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27)”, afirma a nota da torcida, anteriormente conhecida como Mancha Verde.
Em um dos vídeos do ataque, no entanto, é possível ouvir um homem falando “É a Mancha, car****. Aqui é a Mancha, por**”, fazendo referência à torcida organizada.
Investigações
Os membros da Mancha Alvi Verde (antiga Mancha Verde) serão investigados pela Polícia Civil. Eles vão responder criminalmente por homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
Segundo a SSP, a polícia apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas para realizar as investigações. A ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para identificação e responsabilização dos envolvidos, diz a nota.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também vai investigar a torcida organizada do Palmeiras, como facção criminosa. “Tal episódio é inaceitável e representa uma grave afronta à segurança pública e à convivência pacífica em nossa sociedade. Por isso, esta Procuradoria-Geral de Justiça determinou que, para além do promotor Fernando Pinho Chiozzotto, de Mairiporã, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado [Gaeco] entre no caso”, disse Oliveira e Costa.
“Há firmes evidências de que algumas torcidas organizadas atuam como verdadeiras facções criminosas, o que justifica a intervenção do GAECO”, acrescentou o chefe do MPSP.