Não foram apenas as defesas de militares indiciados que se incomodaram com as recentes entrevistas do advogado Paulo Cunha Bueno, que defende Jair Bolsonaro no inquérito do golpe.
Auxiliares próximos do ex-presidente da República e juristas que trabalham para o ex-mandatário em outros processos também criticaram as declarações dadas pelo advogado.
A entrevista que mais gerou críticas foi concedida por Cunha Bueno na sexta-feira (29/12). Nela, o advogado afirmou que os militares que se beneficiariam com o eventual golpe, e não o ex-presidente.
“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do ‘Plano Punhal Verde e Amarelo’ e, nessa junta, não estava incluído o presidente Bolsonaro. Não tem o nome dele (Bolsonaro) lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, disse Cunha Bueno ao programa “Estúdio I”, da GloboNews.
“Controvérsias”
Na avaliação de auxiliares e outros advogados de Bolsonaro, a entrevista só criou “controvérsias” e criou a obrigação para a defesa dos generais e outros militares contestarem.
“Não me agrada esse tipo de exposição no caso. Muita controvérsia, só cria pano para manga”, disse um auxiliar de Bolsonaro ouvido pela coluna sob reserva. “Não ajuda”, emendou.
Aliados de Cunha Bueno minimizam as críticas e dizem que todas as entrevistas que o advogado concedeu sobre o inquérito foram autorizadas diretamente por Bolsonaro.