Foto: Bruno Kelly/Reuters
Fumaça cobre a cidade de Manaus 13 de outubro de 2023 | 20:14
A secretaria municipal de Saúde de Manaus registrou aumento em atendimentos por causas respiratórias feitos pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A população relata dificuldade para respirar por causa da inalação da fumaça densa que cobre a cidade pelo terceiro dia consecutivo, nesta sexta-feira (13).
De acordo com os registros do município, o Samu atendeu 143 pacientes com problemas respiratórios somente nos primeiros 10 dias de outubro. No mesmo período do ano passado, foram 116.
Indicadores em tempo real do site World Air Quality Index classificaram a qualidade do ar da capital amazonense entre as piores do mundo durante o dia— o que vem sendo sentido pela população. Nas redes sociais, há relatos de sintomas como sangramento nasal, coriza, ardência nos olhos e secura na garganta.
No Twitter, uma usuária descreveu a dificuldade na rotina para quem mora na região. “Está insuportável viver numa cidade como Manaus! A fumaça está consumindo a cidade, como se não bastasse o calor de +/- 40°C e uma das maiores estiagens dos rios. Sem água, com calor e com dificuldade de respirar”, disse.
Revoltados com a situação, moradores também cobram medidas das autoridades locais e do governo federal.
“Único jeito de respirar em Manaus… Isso trabalhando dentro de casa mesmo. Com tudo fechado e ar ligado. E aposto que ainda pode ficar pior já que dependemos do poder público”, postou um morador, com uma foto de máscara.
“Nariz começou a arder. Enxaqueca bateu. Fumaça entra no quarto por qualquer brecha possível porque já não tem onde ficar do lado de fora. Resta dormir com máscara”, escreveu em outra postagem.
A Prefeitura de Manaus publicou nas redes sociais uma lista de recomendações para a população se proteger da poluição. Entre as orientações, o município orienta a beber bastante água, usar máscara e evitar atividades físicas ao ar livre e aglomerações.
Em casa e no trabalho, as recomendações incluem manter portas e janelas fechadas e dispor vasilhas com água nos ambientes.
“É importante manter o ambiente umidificado, utilizando purificador de ar, umidificadores, ventiladores, bacias com água, toalhas ou panos molhados”, acrescentou a administração municipal.
A FVS-RCP (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto), vinculada à secretaria de Saúde do Amazonas, também divulgou orientações para a população se proteger de doenças respiratórias.
As recomendações da instituição também abrangem uso máscara de proteção quando houver circulação em ambientes com fumaça, hidratação e proteção da pele com aplicação de protetor solar.
O chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica da FVS-RCP, Alexsandro Melo, afirma que, em caso de reação alérgica nos olhos ou nas narinas, a orientação é evitar contato com as áreas afetadas.
“Não coçar olhos e nariz, além de manter a distância das fumaças. A situação pode ser amenizada com lavagem nas regiões com soro fisiológico”, disse.
Segundo a instituição, a população deve ficar atenta a sintomas como dores de cabeça, irritação e ardência de olhos, nariz e garganta, rouquidão, tosse seca, dificuldade de respirar e cansaço.
“Em qualquer agravamento dos sintomas, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima para buscar atendimento médico adequado e em tempo oportuno”, disse a FVS-RCP.
Nesta sexta, o governo do presidente Lula (PT) recomendou que a população em todo o estado do Amazonas fique em casa para evitar a fumaça dos incêndios que ocorrem na região. As queimadas já levaram 55 municípios a decretarem estado de emergência.
“Temos que tentar evitar exposição a fumaça, poluição do ar, quem puder, ficar em casa, evitar estar próximo dos locais de queimada, evitar atividades físicas”, disse Márcio Garcia, diretor do Departamento de Emergência na Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente.
Em outra frente, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que vai reforçar o combate às queimadas com mais 149 brigadistas, chegando a 289 nos próximos dias.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam para um recorde de focos de calor no Amazonas. Foram 2.684 registros apenas nos primeiros dez dias de outubro no estado, contra 1.503 em todo o mês no ano passado.
Aléxia Sousa/Leonardo Vieceli/Estadão