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Gerando cidadãos 

Há algumas décadas um amigo me falou que o maior problema com o termo “Marketing” é que, como ele não era vertido para o português, dava margem para que cada pessoa achasse que era algo diferente. Acho que um fenômeno parecido acontece as Organizações Não Governamentais, as ONGs, ou, como eu prefiro chamar, Organizações do Terceiro Setor.

O primeiro termo, Organizações Não Governamentais, acredito, foi o que levou a toda esta confusão, pois parece pressupor que estas organizações se propõem a substituir o Estado. E mesmo gente muito séria – grandes patrocinadores do setor privado –  acaba por ter esta visão deturpada. 

Já o termo Terceiro Setor é um pouco mais esclarecedor. Tais organizações não são representantes do setor privado, pois não visam o lucro e enriquecimento de seus acionistas. E nem são organizações estatais, paraestatais ou afins. Pertencem a um terceiro setor e não devem se propor a substituir nenhuma organização dos outros setores, pois isso seria, nos casos mais amenos, uma redundância. E, nos casos mais graves, um atestado de disfunção e desserviço do Estado. 

No entanto, o pior aspecto desta visão distorcida é que projetos de terceiro setor que pretendem substituir o Estado quase sempre sucumbem à falta de sustentabilidade.

As iniciativas de Terceiro Setor que são sustentáveis e longevas são as que se propõem a, em articulação com o setor privado, auxiliar o Poder Público a cumprir seus papéis.

O que significa isto? Em muitos casos, significa utilizar recursos da iniciativa privada para criar, experimentar e evoluir novos modelos e práticas que, quando devidamente experimentados e aprimorados, podem ser aproveitados pelo Estado. As próprias organizações do Terceiro Setor podem, e devem fazer esta transferência de conhecimentos práticas, ajudando o Estado a implantar projetos modelo e a qualificar a mão de obra da esfera pública para que repliquem estes projetos modelo de forma a tornar mais eficiente o serviço do Estado.

No trabalho que desenvolvemos com o Instituto Fazer Acontecer, há quase 20 anos, fazemos exatamente assim. Com o apoio da iniciativa privada, desenvolvemos uma metodologia que utiliza os esportes como forma de auxiliar na formação cidadã de adolescentes. Começamos num clube, nos aprimoramos, firmamos parcerias com prefeituras, que implantaram nosso programa para complementar a educação formal. E, inclusive, cumprir as exigências de Educação Integral do Plano Nacional de Educação. Hoje estamos presentes em 31 municípios baianos. A Bahia tem 417 municípios, o Brasil, 5.568. Num país com tantos gaps sociais, com tantas mazelas, o Terceiro Setor é quem pode, com o apoio da iniciativa privada, experimentar onde o Estado não pode errar. E, articulando-se os três setores podem muito mais.

*Psicólogo, Mestre em Saúde Coletiva e Diretor executivo do Instituto Fazer Acontecer.

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