Um novo ataque à comunidade Pataxó Aldeia Nova, no Território Indígena (TI) Barra Velha, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. Pistoleiros invadiram o local por volta das 19h40 desta segunda-feira (12).
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), os pistoleiros fizeram outro cerco armado e ameaçaram atirar em mulheres e crianças, que fugiram para a mata antes da invasão.
“Não podemos aceitar que nossos corpos e nossos territórios continuem sendo massacrados, dilacerados, banhados de sangue”, denunciou a Apib, que já pediu por justiça e defesa dos povos alvos da violência.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o momento em que as famílias caminham pela mata para fugir dos disparos.
Grupo de Trabalho
Os indígenas que residem no Extremo-Sul da Bahia e foram alvos de ataques prestaram depoimento, na manhã desta sexta-feira (9), no Centro de Operações e Inteligência (COI) da Secretaria da Segurança Pública, em Salvador. No encontro ficou definido também a criação de um Grupo de Trabalho com policiais que coordenarão as ações preventivas e investigativas na região.
A decisão foi tomada pelo secretário da Segurança Pública, Ricardo Mandarino, pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, e pela delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, durante reunião com lideranças indígenas. Integrantes das Secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e de Promoção da Igualdade (Sepromi) também participaram do encontro.
“Não cabe à polícia estadual a resolução da propriedade de terra, na região. A nossa função é proteger vidas e atuaremos com total empenho nesse intuito e também na identificação e autoria de ações criminosas”, declarou Mandarino.
Ataques
No domingo (4) o adolescente Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, foi vítima fatal de disparos de arma de fogo no fim da madrugada por pistoleiros, segundo moradores da Aldeia Vale do Rio Caí, onde aconteceu a invasão. Já na madrugada desta quarta houve novo ataque de pistoleiros, desta vez, na Aldeia Nova. Não houve feridos.
O cacique Purinã Pataxó, da Aldeia Nova, explica que a ausência de feridos se deu porque os indígenas se refugiaram quando a invasão começou, às 18h da terça-feira (6). Ele conta que pistoleiros mataram animais e a polícia só chegou na madrugada do dia seguinte. “Como a gente não tem arma e viu movimentação estranha, a gente falou com famílias para estar recuando. [Os pistoleiros] derrubaram portas, invadiram casas”, diz. O cacique afirma que o objetivo da invasão foi amedrontar a comunidade e assassiná-lo, visto que é o líder na região.
A situação no sul do estado se acirrou depois da iniciativa de reconquista de territórios originários. A invasão do Território Indígena Comexatibá, no domingo (4), aconteceu após retomada indígena de terras ainda não demarcadas no dia 1º. Já são cinco retomadas desde o início do movimento, em junho. O Território possui 16 aldeias, nenhuma é demarcada.
Segundo os indígenas, a invasão é feita por pistoleiros contratados por fazendeiros da região. “Estão colocando premiações nas cabeças de caciques. Pistoleiros contratados por fazendeiros, donos de terra [em que nós] fazemos retomada ou estão perto de território indígena ficam com medo da gente retomar, ficam com medo de perder terras inutilizadas”, conta Manuhã Pataxó, jovem liderança da Aldeia Tibá