Foto: Polícia Civil SP/Divulgação
As nove metralhadoras do Exercito que foram encontradas num lamaçal de uma área de mata em São Roque; eram quatro de calibre 7,62 e cinco de calibre .50 02 de novembro de 2023 | 16:24
A Justiça Militar em São Paulo negou a decretação da prisão de seis militares suspeitos de participar do furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na Grande São Paulo. O pedido havia sido feito na semana passada pelo Comando Militar do Sudeste (CMSE) no Inquérito Policial Militar (IPM), que apura o delito. O Exército prepara agora novos pedidos de busca e de prisão no IPM.
Entre os investigados está o cabo Vagner Tandu, que trabalhava como motorista para o comandante da unidade, o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, que foi afastado do cargo por ordem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. Impressões digitais do suspeito foram achadas na reserva de armas, mas, mesmo assim, o fato não convenceu o Ministério Público Militar (MPM), que se manifestou contrário à decretação das prisões.
Como motorista do coronel, Tandu poderia sair do arsenal dirigindo o carro do oficial sem ser revistado. Agora, o CMSE está buscando “robustecer” a prova para a conclusão do IPM e aposta nos computadores e celulares encontrados na casa de Messias Barbosa de Pádua, o Velho, de 60 anos. Velho seria o chefe do tráfico na Vila Galvão, onde o Exército cumpriu mandados de busca e apreensão, com o auxílio da PM na terça-feira, dia 31, e na quarta-feira, dia 1.º. Os civis envolvidos no episódio também devem ser processados na Justiça Militar. O Exército não descarta novas buscas em São Paulo e no Rio.
Velho teria sido o responsável pela ordem para que cinco das metralhadoras de calibre .50 e quatro de calibre 7,62 mm fossem devolvidas ao Exército entre a noite do dia 20 e a madrugada do dia 21. Elas teriam sido oferecidas a Velho, que, segundo investigações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), é suspeito de ter ligação com Primeiro Comando da Capital (PCC).
Quem ofereceu as armas e as teria levado até a Vila Galvão teria sido Jesse Marques Fidelix, o Capixaba, apontado como intermediário entre os militares que fizeram o furto das metralhadoras e os bandidos do PCC e do Comando Vermelho (CV), do Rio.
Foi em um carro que pertenceria a Jesse que policiais cariocas e militares do Comando Militar do Leste (CML) encontraram no dia 1.º mais duas metralhadoras Browning calibre .50 e um fuzil FAL calibre 7,62 mm. O veículo estava estacionado na Avenida Lúcio Costa, na Praia da Reserva, na zona oeste carioca. No dia 19 de outubro, na favela Gardênia Azul, também na zona oeste carioca, policiais haviam recuperado outras quatro metralhadoras Browning calibre .50 e quatro MAG de calibre 7,62 mm.
Elas também teriam sido oferecidas por Capixaba ao CV, mas os traficante da facção não quiseram o armamento porque ele estava imprestável. De fato, o CMSE informou que as metralhadoras haviam sido recolhidas ao Arsenal de Guerra por estarem todas com defeitos que tornavam o conserto economicamente inviável. Falta agora recuperar apenas duas metralhadoras calibre .50.
Nesta quarta, o general de brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do CMSE, afirmou que as duas armas ainda desaparecidas estariam em São Paulo. ”Consideramos o episódio inaceitável. Não vamos descansar até recuperar as armas que faltam e punir os culpados.”
O Estadão não conseguiu encontrar as defesas do cabo Tandu, de Velho e de Capixaba.
Estadão