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Lançamento da Netflix, Blonde é uma decepção

Ana de Armas em seu primeiro trabalho como protagonista

Já viu Blonde, filme da Netflix que retrata a vida de Marilyn Monroe?  Um dos lançamentos mais esperados do ano, o longa do diretor australiano Andrew Dominik está dando o que falar entre público e crítica desde seu lançamento no Festival de Veneza, no início de setembro. Primeiro porque é um desperdício do imenso potencial que tem a primeira grande estrela de Hollywood e ainda um dos maiores ícones da cultura pop mesmo após 60 anos de sua morte. 

Depois porque a trama adaptada do livro de Joyce Carol Oates, que procura humanizar “o símbolo sexual” e aproximar o leitor da mulher real,  apela para recursos dramáticos questionáveis, como o feto supostamente abortado que conversa com sua mãe. O resultado é uma obra sem alma, que em nada seduz o espectador, como fazia de forma orgânica a estrela que a inspirou.

Autor do roteiro, o diretor (do ótimo O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford/2007) apela para licenças poéticas demais a fim de sustentar seu discurso: o de que Marilyn vivia uma tortura colossal para personificar o papel da loura burra que a indústria criou para ela. O problema é que o texto só reforça isso, enquanto a Marilyn da vida real era inteligente e bastante talentosa, apesar de ter cedido o quanto pode aos mangangões de Hollywood.

Ou seja, Blonde aprisiona a atriz no mito da mulher eternamente sexy, objetificada em cenas de nudez gratuitas e fantasias machistas. E, para chegar ao fim das quase três de exibição, quem se tortura mesmo é o público ao testemunhar o sofrimento caleidoscópico de Marilyn Monroe. 

Ela não teve mesmo a vida fácil.  Não sabia quem era o pai, a mãe sofria de esquizofrenia e passou grande parte da vida em instituições de saúde mental. E por isso, a garota Norma Jean passou muito tempo  da infância e adolescência em orfanatos. Mas a trajetória de 36 anos da atriz, certamente, não se resumiu somente a isso. 

Veja o trailer de Blonde:

Ana de Armas talentosíssima
Ao transpor a barreira da apelação primária de Andrew Dominik, com uma coisa, pelo menos, todo mundo concorda: a atriz cubana Ana de Armas está fenomenal na pele da diva platinada. Tão perfeita que redime os corajosos que seguem sem apertar o botão do pause no controle remoto. A atuação, que deve lhe render indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, é impecável. 

Os trejeitos, os olhares, os sorrisos, a voz e o espírito da diva da cultura pop são recriados por uma Ana de Armas que se permite estar presente também em cena. Note que não se trata aqui de uma interpretação mediúnica, como fizeram Jamie Foxx em Ray ou Eddie Redmaine em A Teoria de Tudo.  A atriz realmente divide sua essência com a personagem e o resultado é muito verdadeiro.

“Independentemente de como o filme será recebido, Marilyn mudou minha vida”, confessou Ana de Armas em Veneza. “Eu me senti cheia de tristeza sabendo tudo o que aconteceu com ela, também como mulher, e não lutei contra esses sentimentos, não queria me proteger disso”, explicou atriz, que vem sofrendo ataques de xenofobia desde então, sob alegação que seu sotaque latino estraga a interpretação.

Ana de Armas, de 34 anos, nasceu em Havana, Cuba, filha de pais espanhóis. Começou a fazer teatro na adolescência ainda na ilha de Fidel Castro. Aos 18 anos, foi para Madri  estudar artes cênicas e, depois, em 2014, seguiu para os Estados Unidos, onde já teve papéis relevantes em Blade Runner 2049, Entre Facas e Segredos e 007 – Sem Tempo para Morrer.  Embora seja uma decepção, que Blonde seja responsável pela merecida mudança de status na carreira de sua atriz principal.

A atriz cubana Ana de Armas tem em Blonde um divisor de águas em sua carreira (divulgação)

Cinco curiosidades sobre Blonde:

1- A mãe de Norma Jean  foi diagnosticada com esquizofrenia e, por isso, viveu grande parte da vida em instituições de saúde mental. Não há dúvida de que a menina, que foi criada em orfanatos, tenha tido uma infância muito difícil. Mas, não há  evidências que Marilyn tenha sofrido uma tentativa de afogamento provocada pela própria mãe.

2- Diziam que Marilyn  acreditava que seu pai era Clark Gable, astro de …E O Vento Levou. Mas, isso não passou de uma fantasia dela. No filme, a mãe dela que o pai da atriz era um astro de cinema mas não revela seu nome. Recentemente, uma investigação forense com teste de DNA revelou que o pai da atriz seria Charles Stanley Gifford, que não era ator mas trabalhou com a mãe de Marilyn num estúdio de Hollywood. 

3- Uma das afirmações  mais controversas em Blonde é em relação aos abortos que Marilyn teria feito para continuar sua trajetória em Hollywood. O que se sabe é que a atriz sofria de endometriose severa e sofreu um aborto espontâneo. Ela, inclusive, declarava isso com muita frustração, pois sempre revelou o forte desejo de ser mãe. 

4- A escalação  de uma atriz cubana para encarnar Marilyn Monroe desencadeou uma onda de xenofobia sobre Ana de Armas, sobretudo pela alegação que seu sotaque atrapalhou a performance. 

5- O suposto caso  de Marilyn Monroe com o presidente JFK é um dos assuntos mais comentados da vida da atriz. Mas, apesar da performance altamente sexy de Parabéns pra Você no aniversário do político americano, nunca ficou claro se o romance aconteceu de fato, Muito menos se ele a estuprou ou mandou matá-la. Testemunhos dão conta de que teriam tido apenas uma noite em 1962, ano da morte dela.  
 

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