Presidente cobrou um pacto que favoreça os dois continentes e pontuou que países europeus não cumpriram exigências ambientais cobradas no tratado
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, participa da Inauguração do Edifício do Laboratório da UFABC, em 02/06/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira, 22, e classificou como “inaceitável” a proposta estabelecida pela União Europeia referente o acordo de livre comércio com o Mercosul. Na versão proposta pelos europeus, há punição para os países sul-americanos que descumprirem os termos do Acordo de Paris – tratado internacional que trata sobre mudanças climáticas. Na visão do mandatário brasileiro, o acordo proposto não está em conformidade com os desejos dos países da América Latina e a tentativa do bloco europeu de punir quem não cumprir o acordo ambiental é “inaceitável”. “O Brasil quer ter o direito de recuperar sua capacidade de industrialização. O Brasil já teve um Produto Interno Bruto [PIB] industrial de 30%, hoje o nosso PIB é apenas 10%. A carta adicional que a União Europeia mandou para o Mercosul é inaceitável. Nem eles cumpriram o Acordo de Paris, não cumpriram o Protocolo de Kyoto, não cumpriram a decisão de Copenhague, então é preciso que a gente tenha um pouco mais de sensibilidade, um pouco mais de humildade”, afirmou. Lula ainda ressaltou que o governo federal trabalhará para que o acordo final favoreça os dois continentes. Aprovado em 2019, após duas décadas de negociações, o acordo Mercosul-União Européia ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os 31 países – divididos nos dois blocos – envolvidos na negociação para que o tratado entre em vigor.