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“Mão” do PT, esposa de PM preso e mais: os bastidores da última CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Distrito Federal que investigou os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro terminou nesta semana, após nove meses de diligências. Na última sessão, na quarta-feira (29/11), foram quase 10 horas de trabalhos oficiais. Mas foi o que aconteceu por trás das câmeras da transmissão oficial e antes do dia de apresentação do relatório que deu o tom da construção do documento final. Nessas movimentações, apareceram a “mão” do PT, os diálogos entre esposa de policial militar preso com distritais, a presença de assessores do Exército Brasileiro e mais.

O dia “começou” informalmente às 5h, quando o relatório final da CPI, produzido pelo deputado Hermeto (MDB), vazou para os distritais. Os membros do colegiado mais ativos já estavam acordados, como Fábio Felix (PSol), que correu contra o tempo com assessores para elaborar um amplo relatório paralelo, em resposta contra o que ele viria a chamar de “texto horroroso” do emedebista.

O documento de Hermeto, deputado e subtenente da reserva da Polícia Militar do DF (PMDF), preservou a alta cúpula da PM já presa em investigações dos atos antidemocráticos, bem como não imputou crimes ao ex-secretário de Segurança Pública do DF (SSP-DF) Anderson Torres. Ele responsabilizou apenas dois coronéis: Marcelo Casimiro, atualmente detido, e Cíntia Queiroz, que atua na SSP e não foi indiciada pela CPI do Congresso.

Aceno à PMDF Questionado, Hermeto usou uma analogia de que Casimiro e Cíntia foram “duas peças do dominó que acabaram derrubando todas as outras”. Ele repetiu isso para PMs que também perguntaram nos últimos dias, preocupados, sobre qual seria o teor do relatório final. A preocupação da Polícia Militar foi diminuindo com acenos do distrital à corporação, como quando, no início da semana, ele fez questão de lotar a Câmara Legislativa de PMs em uma homenagem ao 10º Batalhão, de Ceilândia.

Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues

Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF em 8 de janeiro de 2023 André Bonifácio/Ascom Chico Vigilante

coronel Cintia Queiroz PMDF SSP

Coronel Cíntia Queiroz, da SSP Rinaldo Morelli/CLDF

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Hermeto, relator de CPI Vinícius Schmidt/Metrópoles @vinicius.foto

Na ocasião, Hermeto chamou o dia da apresentação do relatório de “Dia D” da CPI e enalteceu a corporação, amplamente criticada no 8 de Janeiro. A divulgação oficial do texto final, quarta-feira às 9h, foi um alívio para os PMs presos, com exceção do único indiciado, o coronel Casimiro. Mas, mesmo com a apresentação do relatório poupando militares da alta cúpula, ainda houve movimentação política partindo de pessoas próximas a eles.

A esposa do coronel Jorge Eduardo Naime, por exemplo, esteve pessoalmente na última sessão da CPI. Entre pausas da leitura do relatório, que durou cerca de 5 horas, ela conversou com deputados distritais e tentou sensibilizar sobre a situação do marido, citando a “saúde debilitada” do PM. A morte de um dos presos pelos atos do 8 de Janeiro, neste mês, em Brasília, afetou o psicológico de muitos militares detidos e familiares, que clamam por direitos humanos e melhores condições de detenção, mas já preparam pedidos de soltura com base nos trabalhos da Comissão.

A saúde dos coronéis indiciados também foi tema de bastidor. Pessoas ligadas a Cíntia comentaram com deputados sobre ela ter feito uma cirurgia recente. Quando esteve na CPI, ela citou ter ficado “um ano e meio trabalhando sangrando”, com uma hemorragia interna que a obrigou a fazer uma operação delicada em setembro de 2021. Ela ainda precisou operar quatro ligamentos do joelho direito, em seguida. Cíntia marcou as férias na SSP para o mês de apresentação do relatório da CPI. Segundo publicação no Diário Oficial do DF, ela retorna ao posto no começo de dezembro.

Já o coronel Casimiro, na prisão, chegou a apresentar quadro de “urgência hipertensiva” e precisou ser levado ao hospital por volta das 19h de quarta-feira. Desde às 9h daquele dia, ele vinha sendo responsabilizado pelo relatório por falhas da PMDF no 8 de Janeiro, já que, segundo documentos anexados ao texto final da CPI, o seu comando era responsável pelo planejamento da corporação para evitar as manifestações violentas com “tomada do Poder” previstas para a data.

Houve apreensão do grupo de PMs presos com a possibilidade de mudanças no relatório após o período de apresentação de destaques ao texto. Eles também se assustaram quando o documento paralelo, de Fábio, foi protocolado pedindo o indiciamento de todos os sete PMs denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), sabendo, porém, que ele teria pouca chance de triunfar. O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), se manifestou publicamente contra a aprovação de um texto paralelo, mesmo sendo de um partido ideologicamente mais próximo às ideias daquele conteúdo, que pedia, por exemplo, a responsabilização de Jair Bolsonaro (PL).

Movimentação do PT Assim como aconteceu na CPI do Congresso, o PT agiu para evitar que o final dos trabalhos de investigação imputassem crimes ao ex-ministro de Lula (PT) GDias. Marco Edson Gonçalves Dias é ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo federal petista. O nome dele acabou presente no relatório de Hermeto como indiciado, representando uma vitória para a direita, porque havia, assim, a chance de levantar uma culpabilização de Lula pelas invasões dos prédios da Praça dos Três Poderes.

O indiciamento do general, no entanto, foi motivo de irritação para os petistas. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, entrou em cena. Ela ligou para a presidência da CPI e pediu uma ação para resguardar GDias. A dificuldade era numérica, já que a Comissão do DF tinha cinco membros da direita e apenas dois de esquerda, e a retirada de um nome do relatório dependia de aprovação da maioria.

Outra preocupação foi curiosa. Um dos dois membros da esquerda era Fábio Felix, que havia sido convidado para participar da 39ª Conferência Internacional de Líderes LGBTQ+ em Washington (EUA). O voo de ida, arcado e marcado pela organização do evento, acabou ficando para a noite de quarta. Para dar tempo de chegar ao aeroporto, ele teria que deixar a Câmara, no máximo, até as 19h. Mas como o regimento permitia que, na ausência dele, o suplente, Max Maciel, também do PSol, pudesse votar, Chico Vigilante ficou mais tranquilo. Ele ainda precisava de dois votos, e conversas envolvendo figuras políticas poderosas na capital permitiram acordos.

Jaqueline Silva (MDB) e Robério Negreiros (PSD) acabaram votando pelo interesse petista, mesmo sob críticas dos outros bolsonaristas. Joaquim Roriz Neto (PL), pastor Daniel de Castro (PP) e Hermeto (MDB) votaram contra. A votação aconteceu sob os olhos atentos de assessores parlamentares do Exército. Discretos, eles tiveram uma série de diálogos com deputados desde que a CPI pediu a convocação de generais. No fim, ambas as partes viram vitórias.

Enquanto a presidência petista da Comissão se conteve em levar pessoas como os generais Augusto Heleno e GDias para depor, gerando repercussão nacional para os atos da Câmara Legislativa do DF, o Exército saiu sem nenhum indiciado no relatório final, aprovado com o destaque que retirou o ex-GSI de Lula.

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