O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira, 20, que as “manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo”. De acordo com o chefe da Pasta, um chanceler se dirigir a um chefe do Executivo é “algo insólito e revoltante”, tendo em vista que o Brasil é um “país amigo” de Israel. A fala de Vieira surge após uma publicação do chanceler israelense Israel Katz que pedia para que Lula se desculpasse publicamente por comparar os ataques de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto. Lula foi declarado “persona non grata” por Israel e, desde então, o governo israelense tem exigido do chefe do Executivo brasileiro um pedido de desculpas pela comparação.
Na publicação, Israel Katz disse que a comparação de Lula é “promíscua, delirante” e que “envergonha o Brasil e cospe na cara dos judeus brasileiros. Não é tarde demais para aprender a história e pedir perdão. Até então, continua sendo ‘persona non grata’ em Israel”. Por outro lado, o ministro Mauro Vieira rebateu que está seguro de que “a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim. Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu”.
Como mostrou o site da Jovem Pan, o chanceler de Israel também afirmou mais cedo que “é necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez. Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como trabalhadores forçados e depois, com brutalidade sem fim, começou a assassiná-las sistematicamente. Primeiro com tiros, depois com gás. Uma indústria de extermínio de judeus, de forma ordeira e cruel”. Mauro Vieira, descontente com as falas do chanceler, acrescentou que “o ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário. Não é aceitável que uma autoridade governamental aja dessa forma”.