Uma das histórias mais marcantes das Copas do Mundo foi a improvável campanha da Coreia do Sul em 2002, quando o país sediou o torneio em conjunto com o Japão.
Foi uma competição de marcas inéditas. Primeira realizada na Ásia e a ser dividida por dois países, foi a que registrou o melhor desempenho de uma seleção do continente em Mundiais. Embalada por sua torcida, a Coreia avançou até a semifinal, deixando para trás nações com mais tradição e até campeões.
Sob o comando do holandês Guus Hiddink, a equipe que nunca havia passado da fase de grupos e nem sequer havia ganhado um jogo nas cinco Copas que participou liderou sua chave e avançou ao mata-mata invicta, com duas vitórias (Polônia e Portugal) e um empate (Estados Unidos).
Logo nas oitavas, mais um feito. Deixou para trás a Itália, então tricampeã mundial, com vitória por 2 a 1. Foi um duelo, porém, marcado por polêmicas. Primeiro, a expulsão do italiano Totti por simulação, após um lance duvidoso sobre um pênalti. Depois, a arbitragem anulou um gol de Tommasi por impedimento, aparentemente na mesma linha.
Na fase seguinte, seriam os espanhóis a deixar o gramado irritados com a arbitragem após um jogo diante dos coreanos. Desta vez, com ainda mais argumentos. A Coreia venceu a disputa nos pênaltis, mas a equipe espanhola poderia ter liquidado o jogo na prorrogação, quando Morientes teve um gol anulado de forma equivocada.
Joaquín foi à linha de fundo e, bem em cima dela, descolou um cruzamento para Morientes cabecear para as redes. O árbitro egípcio Gamal Al-Ghandour marcou saída de bola, sem que ela nem chegasse perto de sair. O lance seria definitivo uma vez que ainda havia o gol de ouro.
O erro da arbitragem não impediu a festa dos torcedores locais, que estavam diante da melhor campanha de uma equipe asiática em Copas, com a classificação para a semifinal.
A busca pela inédita final só esbarraria diante dos alemães. Na última fase antes da decisão, os donos da casa perderam por 1 a 0 e acabaram na disputa pelo terceiro lugar, na qual saíram derrotados novamente, agora contra a Turquia, por 3 a 2.
Em quatro Copas realizadas depois disso (2006, 2010, 2014 e 2018), nenhum país da Ásia igualou o feito dos coreanos, nem mesmo eles. Alcançar novamente as fases finais é, portanto, o grande objetivo do time da Coreia do Sul na Copa do Mundo do Catar.
No Oriente Médio, a equipe será comandada também por um europeu, a exemplo de 2002. Desta vez, será o português Paulo Bento o encarregado da seleção.
O treinador divulgou neste sábado (12) a lista de convocados para a competição. E a presença do nome de Son Heung-Min, do Tottenham, foi motivo de alívio para os torcedores.
O atacante se machucou há dez dias durante um duelo contra o Olympique de Marseille pela Champions League. Paulo Bento disse que terá um cuidado especial com o jogador.
“Nós estamos em contato com ele e com o departamento médico do Tottenham. Temos que esperar e analisar a situação dia a dia. Chegou a hora da decisão, e o mais importante é que ele se recupere da melhor forma possível, que se sinta confortável”, comentou.
Na última quarta-feira (9), o próprio atleta postou um texto no qual dizia que estaria pronto para o torneio apesar do problema físico. “Jogar pelo seu país na Copa do Mundo é o sonho de muitas crianças que estão crescendo, assim como foi o meu também. Não vou perder isso. Mal posso esperar para representar nosso lindo país, até breve”, afirmou.
No Catar, o jogador vai disputar o terceiro Mundial da carreira dele. Em 2018, na Rússia, foi dele o segundo gol da Coreia na vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, na última rodada da fase de grupos. Com o resultado, os alemães deram adeus ao torneio. Os coreanos também não avançaram, mas saíram de campo com o orgulho de terem eliminado os então campeões mundiais.