O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro afirmou, nesta sexta-feira, 1º, que “não desistiu de nada” e descartou uma candidatura a deputado federal. Em um pronunciamento que durou cerca de cinco minutos, feito em um hotel em São Paulo, o ex-juiz da Lava Jato não esclareceu se voltará atrás da decisão de não concorrer à Presidência da República, mas afirmou que segue “firme na construção de um projeto para o país” e tem a intenção “de auxiliar a unificação do centro democrático”, que tenta se contrapor às postulações do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Preciso esclarecer a todos que eu não desisti de nada”, disse no início de sua manifestação. Moro disse não ter “ambição por cargos”, voltou a defender a extinção do foro privilegiado e foi categórico ao dizer que não buscará uma vaga na Câmara dos Deputados. Com isso, o ex-juiz da Lava Jato manda um recado direto à ala do União Brasil ligado a caciques que fizeram carreira no DEM – o novo partido nasceu da fusão entre Democratas e PSL. Na tarde da quinta-feira, 31, caciques paulistas do União divulgaram uma nota oficial à imprensa na qual afirmavam que Moro brigaria por uma vaga no Legislativo em São Paulo e poderia ser um dos parlamentares mais bem votados da história do país. Mais tarde, políticos ligados ao ex-presidente nacional do DEM e ex-prefeito de Salvador ACM Neto emitiram um comunicado em que dizem não admitir que o novo filiado seja postulante à Presidência da República.
“Deixamos claro que o seu eventual ingresso à União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República”, diz a nota, assinada por ACM Neto, pelo deputado federal Efraim Filho (PB), 1º secretário do partido, José Agripino Maia (vice-presidente), pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, pela deputada federal professora Dorinha, pelo ex-ministro da Educação Mendonça Filho, pelo senador Davi Alcolumbre e pelo prefeito de Salvador, Bruno Reis, todos vice-presidentes do União Brasil. “Caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo pela legenda, o ex-ministro será muito bem-vindo. Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido”, continua a nota.
Em seu discurso, nesta sexta, Moro fez uma cobrança explícita aos demais pré-candidatos da terceira via. “Não pode, porém, ser um projeto individual. Precisamos, com urgência, da união do centro democrático contra os extremos. Meu movimento político exigiu desprendimento e humildade. Precisamos de outros atos de desprendimento: de Luiz Felipe D’Ávila, João Doria, Eduardo Leite, Simone Tebet, André Janones e lideranças partidárias para fazer prosperar essa articulação democrática”, disse. “Sei que muitos estão desapontados, e outros com medo de se insurgirem; devemos evitar, porém, a resignação. A vitória contra Lula e Bolsonaro depende da indignação de cada brasileiro de bem. Em meu novo partido, o União Brasil, serei um soldado da democracia. Vamos reforçar a luta pela defesa de nosso país. Tenho muita fé que nessa jornada seremos vitoriosos. A nossa luta está apenas começando e estou pronto para enfrentá-la. Jamais desistirei”, acrescentou.