InícioEditorialNotíciasMoto por app tem joelho “triscando” e tensão na pista. Veja

Moto por app tem joelho “triscando” e tensão na pista. Veja

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São Paulo — O Metrópoles usou a moto por aplicativo em duas viagens pelas zonas sul e oeste de São Paulo nessa quarta-feira (15/1). A reportagem rodou por algumas das vias com maior número de mortos em acidentes com motocicletas no ano passado e sentiu a tensão sobre duas rodas, encarando os corredores entre os carros e joelhos triscando portas, em meio a buzinas frenéticas. Enfim, tudo aquilo que faz esse meio de transporte ser tão ágil quanto perigoso em uma grande cidade.

O receio aumenta à medida em que se tem como base as estatísticas da capital paulista, que conta com uma frota de mais de 1,3 milhão de motocicletas. Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que prevê uma carnificina, caso o mototáxi da 99 seja autorizado, foram 364 mortos em acidentes envolvendo motos no ano passado na cidade. O serviço foi vetado pela Justiça nessa quarta.

Com esses números na cabeça, a reportagem deu início à primeira viagem por volta das 15h30. Sair da Estação Butantã, na zona oeste, e chegar ao Terminal João Dias, na zona sul, por R$ 6,40, em menos de 25 minutos, pode parecer um bom negócio, quando se pensa com o bolso. Em uma Yamaha 125, o preço da corrida saiu cerca de quatro vezes menos que o da modalidade pop, com carro (em torno de R$ 26).

Para entender a oferta como razoável, porém, há uma série de ressalvas, além das estatísticas claramente desfavoráveis, o que pode ser um impeditivo para grande parte da população. O que parece barato pode sair muito caro. É desconfortável montar em uma moto, espremido entre o condutor e o baú de entrega, além de encarar corredor em meio aos carros da Marginal Pinheiros, com os joelhos sob constante ameaça, rodando a mais de 60 km/h na garupa.

O capacete do passageiro é, obviamente, compartilhado, e não há higienização entre as viagens ou touca descartável. Na prática, a depender do tamanho da cabeça, a boca fica colada à espuma, igualzinho ao que aconteceu com outros passageiros momentos antes, por exemplo, e daí não há touca que dê jeito. Pode ser uma sensação desagradável e, eventualmente, uma problema de saúde pública.

Na primeira corrida, o mototaxista levou ao pé da letra o local de parada e fez, inclusive, um retorno cerca de um quilômetro após o Terminal João Dias, na Estrada de Itapecerica (oito mortos em acidentes com motos nessa via, de janeiro a novembro de 2024), para estacionar na pista sentido centro. Isso elevou em cerca de cinco minutos o tempo da viagem, que percorreu 12,8 km.

A segunda viagem foi entre os terminais João Dias e Grajaú, passando pela Marginal Pinheiros e avenidas Interlagos, Senador Teotônio Vilela e início da Dona Belmira Marin, em um trajeto de 13,4 km. Um dos mototaxistas cancelou o pedido ao saber que se tratava de um passageiro, dizendo que já estava com carga na garupa da moto, uma Honda Pop 110.

O condutor de uma Honda CG 160A aceitou a corrida, que custou R$ 11,52 e também levou 25 minutos. Com um carro, seriam pelo menos 39 minutos no mesmo horário, por volta das 16h30, custando quase R$ 30.

O trecho mais tenso foi na Teotônio Vilela, com o trânsito um pouco mais carregado, veículos em faixas estreitas e corredores onde as motos passam de forma espremida nos corredores. Entre janeiro e novembro, segundo o Infosiga, foram quatro mortes em acidentes com motos nessa via. A impressão é a de que a sensação de velocidade é maior quando se anda entre os carros.

Orientação

De forma geral, os dois motociclistas com quem a reportagem conversou, sem se identificar, entendem a possibilidade de levar passageiros como uma forma de aumentar a renda entre uma entrega de encomenda e outra. Ambos disseram já ter feito outras corridas no dia e foram bastante cordiais, apesar do trânsito violento da capital paulista.

Nas duas viagens realizadas pela reportagem, os capacetes eram velhos e tinham as correias sob o pescoço emperradas, de difícil ajuste. A impressão é que poderiam também se soltar em uma batida mais forte.

O piloto da segunda viagem percebeu a falta de intimidade do passageiro com a moto e deu orientações sobre como o garupa deve se comportar, principalmente quando se passa pelos corredores entre carros, ônibus e caminhões. O mototaxista disse que era para deixar o corpo menos tenso nesse tipo de ultrapassagem, que exige algum jogo de cintura, explicando também que isso é uma questão de confiança em quem segura o guidão. Ou seja, o garupa não tem controle nenhum sobre o que pode acontecer numa viagem de moto, mas pode causar um estrago dos grandes, se não souber jogar com o peso do próprio corpo.

No Terminal Grajaú, um dos destinos da reportagem, o serviço de mototáxi que funciona há anos, a despeito do veto da prefeitura, continuava a operar normalmente nessa quarta. Como sempre, há inclusive uma tabela fixada na parede do terminal, com os valores das corridas para cada um dos bairros atendidos — não há previsão de que seja atualizada com a presença do concorrente, em disputa com a prefeitura.

O que diz a 99

O Metrópoles enviou sete perguntas à 99 sobre a modalidade Moto, que foi vetada nessa quarta-feira (15/1) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Veja as respostas:

1) Quais as orientações de segurança tanto para motociclistas parceiros quanto para passageiros na garupa antes e durante a viagem?
Na modalidade 99Moto, o uso de capacete é obrigatório, tanto para o passageiro quanto para o motociclista. Também é mandatório para os condutores o uso de calçado fechado, as viseiras do capacete abaixadas e vestuário de proteção adequado. A 99 recomenda que o motociclista leve um capacete extra para o caso de o passageiro não possuir o seu. As viagens não são permitidas sem o equipamento, pois o item é obrigatório por lei.
A empresa também possui um treinamento para os condutores que abordam uma série de pontos sobre segurança no trânsito, incluindo a importância de se manter na velocidade, respeitar a sinalização, entre outros.
A empresa orienta os motociclistas a compartilhar as seguintes orientações para os passageiros, que também contam com dicas no app:
– Em curvas, peça que incline o corpo junto ao seu, acompanhando o
movimento da moto;
– Solicite para o (a) passageiro (a) se apoiar no suporte traseiro da
motocicleta;
– Peça que mantenha as pernas e joelhos alinhados com seu quadril e
pernas;
– Diga para firmar bem os pés nas pedaleiras e que fique com a coluna ereta

2) Em caso de acidente, a plataforma se responsabiliza por bancar integralmente o atendimento médico de motociclistas e passageiros envolvidos?

Todas as viagens intermediadas pela 99 são cobertas por um seguro de até R$ 100 mil, tanto para motociclistas quanto para passageiros. Além do apoio financeiro outras formas de apoio incluem atendimento psicológico. Como funciona: assim que a denúncia é registrada, a equipe de segurança da 99 entra em ação para investigar o incidente. Esse time toma todas as medidas cabíveis e auxilia o usuário durante todo o processo.

3) Por enquanto, o serviço não opera no centro expandido. Entretanto, em alguns casos, o trajeto mais curto entre dois pontos fora do centro expandido é passando por área central (por exemplo, entre Butantã e Tatuapé). O motociclista será obrigado a fazer um desvio?

A 99 informa que está fazendo o lançamento de forma planejada e gradual. Nesse período inicial, os passageiros somente poderão pedir corridas que iniciem ou terminem fora do centro expandido.

4) Quais medidas de higiene em relação ao capacete usado pelos passageiros?

A 99 orienta os motoristas e motociclistas parceiros a manterem os seus equipamentos sempre em boas condições para oferecer um atendimento de qualidade. A empresa compartilha dicas sobre limpeza, conservação e checagem do capacete. As recomendações incluem a oferta de toucas descartáveis como uma cortesia para os passageiros, por exemplo.

5) Quais as exigências em relação ao modelo e ano das motos ofertadas no serviço?

Não há restrições de modelo.

6) Quais as exigências em relação à experiência dos motociclistas parceiros? Há idade mínima ou tempo de CNH para poder ofertar o serviço?

Para transportar passageiras na cidade de São Paulo, os motociclistas precisam apresentar CNH válida e com a inscrição de Exerce Atividade Remunerada (EAR). Para obter o EAR, o condutor deve ter 21 anos e estar habilitado a no mínimo 2 anos.

7) Mototaxistas da 99 vão circular pelas marginais?

Durante a fase de implementação, o serviço estará disponível fora do centro expandido. Portanto, os motociclistas não poderão circular nos trechos das marginais que estejam dentro da zona de rodízio. Eles também devem respeitar as regras de restrição de motos nas pistas expressas.

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