O cobrador e o motorista de ônibus que agrediram um passageiro, em Salvador, se apresentaram à Polícia Civil cinco meses após o registro do caso. Os ex-funcionários da OT Trans, demitidos após o ocorrido, atacaram o jornalista Arlon Souza, 45, em julho do ano passado.
A dupla se apresentou à 1ª Delegacia Territorial dos Barris em dezembro do ano passado, após o envio de dois mandados de intimação. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (3).
O caso aconteceu na linha Aeroporto / Praça da Sé por volta das 18h. Segundo a vítima, as agressões iniciaram após o motorista não parar no ponto solicitado pelo jornalista, que por esta razão reclamou e pegou o celular para fotografar o número de identificação do ônibus para registrar uma reclamação na empresa. “Isso irritou o cobrador, que chegou a pegar e ‘confiscar’ o aparelho do passageiro por alguns instantes.”
Ao recuperar o celular, Arlon desceu do coletivo e começou a filmar tanto o ônibus quanto o rosto do motorista, que se revoltou e, acompanhado do cobrador, desceu do ônibus cobrindo o rosto e berrando: “então você está procurando problema?”. Neste momento a gravação é encerrada. Assista:
A vítima conta que é empurrada no chão pelo motorista, o cobrador dá um chute em suas costas e novos golpes são desferidos. No exame de corpo de delito, “a perita verificou: escoriações em cotovelo esquerdo e direito, equimoses avermelhadas em região supra escapular direita”, conforme consta no resultado.
Sobre as acusações, trechos do depoimento mostram que o motorista declarou “que reafirma que agrediu fisicamente o sr. Arlon Carlos Souza Santos; que estava sendo filmado por um desconhecido e que não sabia a finalidade;”.
O cobrador também confessou em seu depoimento a agressão: “O motorista (…cita o nome do motorista…) reclama de estar sendo filmado, coloca a camisa no rosto e desce do veículo bem como o declarante; que o sr. Arlon tropeça e cai no chão, momento em que o declarante desfere um chute no seu braço esquerdo;”.
Uma proposta de transação penal já foi encaminhada pelo Ministério Público da Bahia ao Tribunal de Justiça do estado, através da promotora Izabel Cristina Vitória Santos. Uma audiência judicial criminal também foi marcada para o próximo dia 30 de março. Uma ação civil de reparação por danos materiais e morais também está em curso contra a empresa.
O consórcio Integra foi procurado para comentar sobre a ação civil, mas não se manifestou resposta até o momento.