InícioEditorialNo centro da comédia: Jhordan Matheus é destaque em stand-up

No centro da comédia: Jhordan Matheus é destaque em stand-up

O baiano Jhordan Matheus tem 28 anos e começa a despontar como um dos nomes mais populares do stand-up comedy nacional. Hoje, vive numa ponte aérea entre São Paulo e Salvador e mantém residência nas duas cidades. Pode-se até dizer que essas viagens constantes entre as duas capitas são um (merecido) luxo para alguém que há pouco mais de cinco anos precisou pegar o cartão da tia emprestado para comprar uma passagem de R$ 650 parcelada em oito vezes. E o Rasta, como ele mesmo se apresenta, está com uma novidade: nesta segunda-feira (3), passa a ser um dos protagonistas de Do que Riem?, no único canal de TV brasileiro dedicado à comédia, o Comedy Central. Jhordan vai dividir o programa com a colega Babu Carreira. Os dois, a cada edição semanal às 21h30, vão competir um contra o outro pelas risadas de determinados grupos sociais que estão na plateia: médicos, vovós, marombas e cabeleireiras, sendo um a cada edição. A atração também estará disponível no streaming Paramount+. Babu e Jhordan também serão acompanhados por um membro desse grupo, o “coach”, que vai levá-los para conhecer a rotina de sua classe e, assim, inspirá-los para fazer as piadas. A apresentação é de Maurício Meirelles, que já foi do CQC e também protagoniza shows de stand-up comedy. “Quando o meu empresário me falou do convite, fiquei super feliz! Além de tudo, é um baiano num programa de audiência nacional. E quem me conhece sabe o quanto a Bahia tá na minha comédia, tá ligado?”. Jhordan tem orgulho de sua trajetória e tem motivos de sobra para isso: “Essa minha primeira participação no Comedy Central é mais uma conquista de um cara preto rastafári maloqueiro do Engenho Velho de Brotas que veio contrariando as estatísticas”, diz o comediante, que falou com o CORREIO por aplicativo enquanto cuidava dos cabelos. “Dando aquele trato, graças a Deus, pra ficar alinhado, aqui no estúdio da Negona, em Brotas”, revela. Jhordan começou na vida artística tocando percussão no grupo afro Os Negões e, mais tarde, fez uma participação no filme Capitães da Areia (2011), gravado quando ele tinha 14 anos, em 2008. “Aí, fiquei na arte e fui sempre buscando meus objetivos, meus sonhos. A comédia, desde o filme, passou a ser muito presente em minha vida”. Mas foi entre 2015 e 2016 que ele descobriu seu talento para o stand-up. Na época, revezava-se entre os palcos de Feira de Santana e Salvador. Notou que tinha talento pro negócio, mas percebeu que as duas cidades não seriam suficientes para atender a uma carreira, se quisesse se consolidar, precisaria ir para o centro da comédia nacional, que é São Paulo, onde há praticamente um circuito diário em diversas casas especializadas no gênero. “Tava sem chance de trabalho aqui e falei: ‘véi, vou pra São Paulo’. Aí, fiz cinco shows numa pizzaria de dois amigos, na Graça, e juntei uma grana para ir para São Paulo”, lembra o comediante. A cada apresentação, era cobrado um couvert de R$ 25 por pessoa. Como eram em média 50 presentes, conseguiu uns R$ 1250 por noite. Mas tinha que pagar dois colegas que se apresentavam antes dele e ainda arcar com transporte e umas despesas técnicas. O saldo disso era o único dinheiro que teria para se mudar para São Paulo. “Mas eu já tinha filho e sabe como é, né? Tinha que comprar leite e fralda. Aí, o dinheiro do planejamento foi por água abaixo, porque tinha que investir em casa mesmo”, lembra-se Jhordan. Na época, o candidato a comediante teve a chance de trabalhar no metrô de Salvador, numa vaga conseguida pelo pai. “O cerco tava fechando, mas eu pensei: véi, não vou trabalhar no metrô porque eu tenho que raspar a cabeça e minha cabeça raspada é um negócio feio da p…!”, diz Jhordan em bom baianês. Foi aí que pediu o cartão da tia emprestado e comprou a passagem. “Fui sozinho e comprei passagem só de ida, porque resolvi ir de última hora e foi muito ‘do nada’ que resolvi ir”. Chegou em São Paulo praticamente sem referência e ficou na casa de uma amiga paulista, Dani, que ele chamava de Muzenza e havia conhecido pelas redes sociais. “Ela disse que eu podia ficar na casa dela, o tempo que eu precisasse. Aí, apareciam uns shows de vez em quando e eu ficava indo e voltando, indo e voltando…”. Na época, Jhordan tinha também a importante ajuda de um amigo baiano, Geraldo Castro, que fazia as vezes de empresário informal dele: “Esse maluco era muito f…! Me ajudava, pagava passagem… tava colado comigo! Acreditava em meu trabalho mais que eu mesmo” Mais tarde, no final de 2019, quando um experiente empresário de comédia o procurou, Jhordan foi conversar com Geraldo e explicou a situação: “Fiquei com medo de dizer a ele, porque era ele que me empresariava. E ele disse: ‘Fique tranquilo! Nunca lhe dei dinheiro pensando que um dia você fosse me pagar. Não me deve nada. Sé acreditei em seu trabalho!”. Mas ainda tinha mais obstáculo pela frente: a pandemia, que paralisou a carreira de quase todos os artistas brasileiros. Jhordan precisou esperar quase dois anos para retomar a carreira nos palcos paulistanos e foi encontrando seu espaço também nas redes sociais, somando mais de 1,5 milhão de seguidores no YouTube e Instagram. Agora, a agenda dele tá cheia: nos últimos meses, se apresentou em lugares bem distantes, de Porto Velho, em Rondônia, até Belo Horizonte. E, certamente, já não precisa mais pegar o cartão da tia para dividir a passagem.

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