O General Tomás Miguel Ribeiro Paiva, novo comandante do Exército Brasileiro, fará sua primeira reunião da cúpula da instituição estando na função. Ele foi escolhido para assumir o lugar do general Júlio Cesar de Arruda, demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último sábado, 21. O encontro desta terça deve contar com a participação dos 16 generais de quatro estrelas que compõem o alto comando. A expectativa é de que Paiva apresente as primeiras diretrizes e indique como pretende lidar com as investigações sobre a possível participação de militares nos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro em Brasília. Em uma série de declarações à imprensa no final de semana, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, confirmou a intenção do governo de punir a eventual subordinação e que havia mais clima para a permanência do antigo comandante do Exército Brasileiro. “Evidentemente que depois dos últimos episódios, a questão dos acampamentos, a questão do dia 8 de janeiro, as relações, principalmente no comando do Exército, sofreram uma fratura no nível de confiança. Nós achávamos que nós precisávamos estancar isso logo de início até para que nós pudéssemos superar esse episódio”, disse.
Para o capitão de fragata de reserva da Marinha Robson Farinazo, especialista em assuntos militares, a defesa pública do papel constitucional do Exército pelo novo comandante, feita em discurso na semana passada é um bom sinal: “Nós vemos pessoas, à esquerda e à direita, querendo criar uma clivagem entre Forças Armadas e governo. Então a gente vê muitas pessoas de esquerda que querem jogar o governo contra os militares e algumas pessoas de direita que querem jogar os militares contra o governo. Isso é inadmissível. Os militares são instrumentos de Estado, da continuidade administrativa no Brasil. Eu acho que a normalidade vai ser atingida, e as coisas vão tomar seu rumo”, afirmou. Reação semelhante teve o general Juarez Cunha no último domingo. Em uma rede social, o ex-presidente dos Correios no governo Bolsonaro escreveu: “Amigos militares, hora de reajustar o dispositivo e recompor as forças. Disciplina é o nosso farol, a Constituição o guia, o respeito aos nossos chefes garantem o êxito na missão. Somos instituição de Estado, não partidária, não sujeita às turbulências da política partidária”.
*Com informações do repórter Paulo Edson Fiore