Corrida para lá, corrida para cá e não tinha jeito: todo dia o motorista de aplicativo Valdomiro Ferraz, 58 anos, acabava passando pela Lucaia, seja em direção a Av. ACM ou, no sentido oposto, rumo à Anita Garibali. “A depender do trânsito, a passagem aqui na Lucaia durava até 15 minutos por causa do engarrafamento”, conta ele.
O mesmo período de tempo que, de acordo com o prefeito Bruno Reis, os veículos vão precisar para sair da Garibaldi e chegar à Paralela a partir de agora. É que, nesta quarta-feira (18), a gestão municipal inaugurou o Complexo Viário Rei Pelé. São dois viadutos – cada um com duas faixas -, que prometem agilizar o trânsito na área, conhecida pelos grandes engarrafamentos.
“Vocês sabem o quanto é comum engarrafar aqui. Isso acabou. [No fim das intervenções], o caminho da Garibali até o CAB vai durar menos que quinze minutos. Ninguém vai pegar mais sinaleira. A pessoa vai passar em via exclusiva por todo esse centro comercial, adentrando na Paralela”, disse o prefeito na inauguração da obra.
Segundo a Secretaria de Mobilidade (Semob) de Salvador, foram investidos R$ 24 milhões para a construção dos dois elevados, que somam juntos cerca de 730 metros de extensão. Essa é a primeira obra entregue do Trecho 2 do BRT, que deve ser concluído até o fim de 2023 e conta com um investimento de R$ 207 milhões, sendo todo ele oriundo de recursos da Prefeitura de Salvador.
Investimento necessário
Fabrizzio Muller, titular da Semob, conversou com a reportagem sobre os elevados e as intervenções na Lucaia. Ele afimou que, tanto os viadutos como as outras etapas de obra do BRT, dão ao trecho a resolução de um gargalo que existia há anos na cidade. Problema que não dava para ser resolvido com semáforo.
“As obras do BRT, além de trazer um modal moderno para a cidade, vieram resolver problemas viários históricos que temos aqui. Esse ligação era um problema crônico há muitos anos. O semáforo não conseguia organizar, gerando retenções, sobretudo, nos horários de pico”, avalia ele, ao falar dos engarrafamentos nos quatro sentidos do cruzamento.
A retenção naquela região é um problema diário para a estudante Janayna Pinho, 22 anos, que mora na Estrada Velha do Aeroporto e trabalha na Federação. Ela é uma das pessoas que mais precisam da agilidade porque, durante as obras, sofreu pegando o trajeto da Lucaia principalmente no início da tarde.
“Acaba sendo sempre um transtorno pelo fluxo de carros no horário das 12h. Pego congestionamento e, no período de obras, além da lentidão, precisava lidar com o desvio na Vasco da Gama. É uma agonia ali, com muito carro e gente querendo atravessar. Tudo atrasa muito”, reclama ela, relatando que a rotina é muito estressante.
Retenção na Lucaia vai acabar (Foto: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO) |
Apesar dos elevados melhorarem a vida de Janayna e de quem passa de carro por ali, Fabrizzio Muller garante que a obra é pensada, principalmente, para o transporte público. Já que, para o caminho de redução da veículos, ideal considerando as mudanças climáticas, é preciso otimizar e construir meios públicos de locomoção de qualidade e com segurança.
“Estamos com ganhos de economia acima de 70% do tempo de viagem nas simulações. […] São avanços consistentes não só para o veículo individual, mas também para o transporte público que passa por aqui. Quando resolvemos gargalos, estamos dando solução do veículo coletivo”, diz Fabrizzio Muller.
Homenagem à Pelé
O Complexo Viário Rei Pelé é mais um ponto da cidade que é batizado em homenagem ao maior jogador de futebol de todos os tempos, falecido no final de dezembro. Além deste, já tinham sido inauguradas a Praça Rei Pelé, no Imbuí, e a Arena Rei Pelé, no bairro do Uruguai, que conta com grama sintética e facilita o acesso dos soteropolitanos às práticas esportivas.
Na coletiva de imprensa, que contou com a participação de ex- jogadores de Bahia e Vitória, além de representantes de esportistas da capital baiana, Bruno Reis afimrou que as homenagens são o mínimo que a gestão municipal poderia fazer em referência ao maior craque da história.
“Esse complexo viário leva o nome de Pelé por tudo que ele representou e representa para o futebol mundial. Principalmente, para nós brasileiros que tivemos tanto orgulho em ver a beleza do seu futebol. Ele é um exemplo e essa é mais uma das homenagens que a prefeitura presta. Vamos seguir fazendo outras esse mês”, disse Reis.
Uma das homenagens pode ser a mudança de nome da Ladeira da Fonte das Pedras, que passa ao lado da Fonte Nova e fica próxima da estátua do Rei Pelé no estádio. Com a mudança, ela passaria a ter como nome oficial o mesmo que batiza o complexo viário na Lucaia, a praça no Imbuí e a arena no Uruguai: Rei Pelé.