O vereador gaúcho Sandro Fantinel teve um pedido de cassação protocolado contra seu mandato nesta quarta-feira (1º). O requerimento feito pelo ex-vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris de Abreu, acontece após falas xenofóbicas do parlamentar contra baianos na terça (28). A informação pelo jornal GZH.
No pedido, Fabris cita que “Caxias do Sul e o Rio Grande do Sul são agora vergonha nacional, acusados de serem locais racistas, extremistas e xenófobos”. Segundo o pedido, “o vereador (Fantinel) não merece ser um representante deste município”.
Além da cassação, Fabris solicita o imediato afastamento do parlamentar por até 90 dias, após recebimento da denúncia por dois terços dos vereadores. A previsão é que as bancadas do PT, PDT e PSD protocolem um novo pedido de cassação, de acordo com parlamentares do município.
Se a Comissão de Ética na Câmara de Vereadores decidir por uma advertência, o caso não é levado ao plenário. A situação só é levada para debate entre os vereadores caso a comissão entenda ser passível de suspensão ou cassação.
Fala xenofóbica
O vereador questionou, durante sessão, as condições de trabalho escravo em que foram encontrados 207 trabalhadores em vinícolas na Serra Gaúcha, na sexta (24). A polícia confirmou que a maioria deles veio de cidades da Bahia.
Na fala, Sandro Fantinel culpa os empregados pelas condições em que foram encontrados. “Um agricultor me ligou e pediu para eu ver um alojamento onde ficam os trabalhadores temporários e não dava para entrar do fedor de urina, da imundície que eles deixaram em uma semana. E a culpa é de quem? O patrão vai ter que pagar o empregado para fazer limpeza para os bonitos? Temos que botar eles em um hotel cinco estrelas para não termos problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou, antes de citar os baianos.
Em seguida, se dirigindo às empresas agrícolas e aos agricultores do Rio Grande do Sul, ele diz: “Não contratem mais aquela gente lá de cima. Contratem argentinos. São limpos, trabalhadores, corretos e quando vão embora ainda agradecem pelo trabalho”.
Em sessão gravada, o vereador continua: “Nunca tivemos problema com um grupo de argentinos. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema. E que isso sirva de lição. Que vocês deixem de lado esse povo que está acostumado com Carnaval e festa”, continua.
Por fim, Fantinel questiona a condição de escravidão que foi denunciada, mencionando que alguns dos trabalhadores que estavam no local não queriam deixar o lugar.