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Pelé ganhou mais dinheiro fora de campo do que como jogador

Não é difícil de imaginar que o status de ‘Rei do Futebol’ rendeu a Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, muito mais do que prestígio dentro de campo, respeito dos adversários e o nome marcado na história do futebol. E por mais que Pelé não vivesse a ‘era da globalização’, cercada pela mídia digital, o ex-jogador teve uma vida dividida entre ser atleta e a posição de garoto propaganda mais desejado do planeta. 

Ao longo da vida, principalmente após sua aposentadoria, o Rei Pelé acumulou propagandas e campanhas publicitárias dos mais diferentes mercados. Pouco tempo depois de se aposentar, por exemplo, seu nome estava extremamente valorizado nos Estados Unidos, lhe rendendo campanhas como a da Pepsi, quando aparecia batendo bola com crianças e, claro, segurando uma garrafa do refrigerante.

Ainda lá fora, participou de uma das propagandas mais icônicas envolvendo atletas de futebol. Recentemente, a marca de grife Louis Vuitton reuniu na mesma foto – ainda que tenha sido montagem – Lionel Messi e Cristiano Ronaldo disputado uma partida de xadrez. E quem pensa que essa ideia é original, se engana. Em 2010, a gigante da moda reuniu Zidane, Maradona e Pelé na mesma foto, que muito mais modestos disputavam uma partida de totó juntos.

E como esquecer das propagandas brasileiras, a exemplo da parceria com o ator Carlos Moreno, o garoto propaganda da Bombril. Naquela ocasião, só a presença de Pelé na televisão já valia o investimento para tê-lo na campanha. Até porque o Rei precisou apenas sorrir e soltar um “qual é, garoto?”, enquanto Carlos Moreno o intitula de “o Bombril do futebol”. Ou quando surgiu nas TV’s brasileiras para estampar a propaganda de viagra da farmacêutica Pfizer, um remédio para disfunção erétil. Para quem acompanhou na época, a frase “fale com o seu médico, eu falaria…” ficou bastante popular.

Dinheiro no bolso 
Apesar de não haver um cálculo exato que nos permite imaginar quanto foi faturado pelo Rei durante a sua carreira, dá para afirmar que Pelé ganhou muito mais fora dos gramados do que dentro deles. E quem disse isso foi o próprio ex-jogador ao jornal USA Today, na véspera da Copa do Mundo de 2002. O brasileiro contou que fazia àquela época cerca de 20 milhões de dólares por ano com campanhas publicitárias, só que seria algo como R$ 70 milhões na conversão da época. 

O primeiro contrato milionário de Pelé aconteceu já no fim da carreira, quando assinou com o New York Cosmos para ganhar quase 5 milhões de dólares. Mesmo assim, olhando para essa cifras, nada que assuste muito quando comparamos ao futebol de hoje. O exemplo mais recente é fácil de encontrar: o português Cristiano Ronaldo assinou contrato de duas temporadas com o A Nassr, da Arábia Saudita, para ter um salário de 200 milhões de euros anuais. Isso dá mais de R$ 1,1 bilhão.

Mas é claro que, para os parâmetros da época, o salário pago a Pelé quando ele atuava no Santos, na década de 1960, já era considerado alto. A revista americana Forbes fez um levantamento de 2021 onde apontou que o camisa 10 ganhava cerca de Cr$ 2 milhões (cruzados), o que corresponde hoje a R$ 70 mil. Mesmo assim, ainda longe do que se vê.

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A própria Forbes fez estudo calculando os faturamentos de Pelé ainda quando jogador e fazendo as conversões para o cenário moderno do futebol. O Rei seria disparado o nome mais bem pago do mundo.

Os números atribuídos a Pelé superam ainda o do próprio Cristiano Ronaldo citado acima, chegando a US$ 223 milhões anuais, cerca de R$ 1,2 bilhão a cada temporada.

Ministro dos Esportes

Nem só de propagandas para multinacionais viveu o Rei Pelé. Quando marcou seu milésimo gol, lá em 1969, diante do Vasco, o craque foi preciso ao mandar o recado, ainda dentro do gramado cercado por jornalistas: “Pelo amor de Deus, o povo brasileiro não pode esquecer das crianças”. Anos mais tarde, o ex-jogador ocupava o cargo de Ministro dos Esportes do governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso, e parecia cumprir com o pedido que ele mesmo havia feito décadas antes.

Pelé estrelou o comercial do jingle ‘Toda Criança na Escola’, criado pelo Ministério da Educação em 1997, que tinha como objetivo ampliar o acesso à educação e matricular todas as crianças em idade escolar no ano letivo de 1998. Na propaganda, o próprio Rei cantava os versos cercado por coral de crianças. O que pouca gente sabe é que a letra do jingle foi composta pelo próprio Pelé. Trata-se, na verdade, de uma adaptação de uma canção escrita por ele em 1986, chamada ABC do Bicho-Papão, gravada com o grupo Trem da Alegria.

Sua passagem pela pasta dos Esporte foi muito além da participação em um comercial ou fazer aparições públicas por ser quem ele era. Em 1998, entrou em vigor a Lei Pelé, que ajudou a estruturar e melhorar as relações trabalhistas entre clubes e jogadores. O projeto é considerado vanguardista porque pôs fim ao que era chamado “passe”, que limitava a liberdade dos atletas e colocava as instituições esportivas quase como donas desses jogadores.

A Lei Pelé e a extinção do “passe” aconteceram bem antes de outras federações da América do Sul e antes mesmo do reconhecimento internacional da Fifa, que só colocou fim a essa prática já em 2001.

De acordo com a análise realizada por Eduardo Carlezzo, advogado especialista em direito desportivo, sócio do Carlezzo Advogados, a lei foi vanguardista e apesar de não ser “perfeita” é o “melhor” que o futebol brasileiro poderia ter.

“A Lei Pelé teve origem em um momento em que a organização dos clubes de futebol no Brasil era precária, permeada por gestões amadoras e inadimplência generalizada. Assim, atrasos no pagamento de salários de atletas por 6, 7 ou 8 meses eram corriqueiros, sem que tivessem qualquer proteção legal”, afirmou

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