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Pelé já foi uma das três palavras mais conhecidas do mundo; saiba quais são as outras duas

Edson Arantes do Nascimento já foi chamado por muitos nomes antes de Pelé – que surgiu por acaso. Negão, Fera, Edico, Dico e Pilé, que é o mais próximo de “Bilé”, goleiro do Vasco de Três Corações que o menino admirava e que era gritado todas as vezes que o futuro Rei do Futebol fazia uma defesa. Sim, o terror da grande área brincava debaixo das traves quando criança. Adulto, dominou os campos dos mais diversos lugares do mundo, até que os gramados ficassem pequenos para ele. Antes de sua morte, Pelé já tinha sido capa em mais de mil publicações ao redor do mundo. 

Pelé despontou entre as três palavras mais conhecidas do mundo no início dos anos 90, numa pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ao lado do brasileiro estavam a Coca-Cola e o Papa. Em 1969, um ano antes de ser consagrado como o maior jogador de todos os tempos nos gramados mexicanos, o Rei brilhou do outro lado do Atlântico, quando a sua presença do Congo para a disputa de amistosos pelo Santos paralisou temporariamente a sanguenta guerra entre os grupos Kinshasa e Brazzaville. 

Os dois grupos se reuniram pacificamente para ver Pelé jogar. Alguns depois, a Nigéria assegurou que não haveria confrontos na região conflagrada de Biafra enquanto o Santos estivesse no país. 

Por muitos anos, ele foi criticado por se esquivar de assumir determinados posicionamentos políticos. O silêncio em relação aos anos de ditadura é provavelmente o maior exemplo disso. Ironia do destino, embora tenha tido a imagem usada como propaganda do regime em sua fase mais repressiva e não levantado diretamente a voz contra, o ex-jogador foi investigado no início dos anos 80 porque os militares temiam que ele entrasse para a política. 

Documentos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops) de São Paulo registravam a movimentação financeira do Rei e diversos recortes de jornal, inclusive sobre um atentado contra a casa dele em 1973. Os militares queriam saber se ele se movimentava para disputar a Presidência. Havia um burburinho de que Pelé seria convencido a entrar na vida pública pelo PDT. Em 1989, Pelé deu uma entrevista dizendo que seria ao Palácio do Planalto em 1994, o que jamais se confirmou. 

O ex-presidente Bill Clinton batendo bola com Pelé em uma comunidade carente no Brasil

Em 1995 assumiu o Ministério dos Esportes, onde permaneceu até 1998. Depois de ter marcado a história do futebol dentro de campo, como ministro deixou como marca a garantia dos direitos trabalhistas dos jogadores, com a criação da Lei Pelé. 

“Pelé não foi só uma lenda do futebol, mas também um ícone humanitário global”, disse o ex-presidente americano Bill Clinton horas após a morte do Rei e antes de completar: “Ele usou sua plataforma para capacitar crianças carentes e inspirar gerações ao redor do mundo. Damos graças por sua vida e legado”.

Clinton postou uma foto em que ele e Pelé batem bola em uma comunidade carente do Brasil, sob os olhares curiosos de uma multidão de curiosos. O Rei do Futebol foi embaixador de diversas causas humanitárias. O maior símbolo disso é a Fundação Pelé, criada em 2018 para dar acesso à educação para crianças pobres. Mais uma página do histórico discurso de quando marcou o milésimo gol, em 1969, e disse emocionado no gramado do Maracanã: “Vamos proteger as criancinhas necessitadas”. Em 2005, criou o Instituto Pelé de Pesquisa Pequeno Príncipe, voltado para a pesquisa de doenças complexas da infância, ainda hoje em funcionamento no Paraná. 

Pelé também foi embaixador da ONU para ecologia e meio-ambiente, embaixador da boa vontade da Unesco e emprestou a imagem para campanhas de caridade e pela paz no mundo inteiro. Em 2000, foi garoto-propaganda da “Partida pelo Coração”, uma campanha pelo fim do conflito entre Israel e Palestina.

No Brasil, foi embaixador da Copa do Mundo de 2014, lutou contra a mortalidade infantil e cantou numa campanha do Ministério da Educação, em 1998, pelo fim do analfabetismo: “ABC, ABC, toda criança tem que ler e escrever”.

Pelé foi ator de novelas, filmes, fez música (mais de cem) e foi tema de canções eternizadas por Caetano, Gil e Chico Buarque, para citar apenas alguns. Nas telas, fez de tudo, foi o escritor Plínio Pompeu, que fazia contato com seres extraterrestres em Os Estranho”, da TV Excelsior. Na Globo, contracenou com Lima Duarte em O Salvador da Pátria (1989) e interpretou a si mesmo em diversas tramas. 

No final das contas, os mais de 1,2 mil gols, três títulos mundiais e os mais diversos reconhecimentos como o maior jogador de futebol de todos os tempos e de maior atleta do Século XX foram apenas alguns dos poucos papéis de Edson Arantes do Nascimento. O nome de nascimento foi uma homenagem dos país ao inventor Thomas Alva Edison, porém a alcunha do gênio foi uma dessas ironias do destino. A corruptela de Bilé pegou. Pelé é como The Beatles, uma expressão nova para dar significado a algo que jamais foi visto antes. 

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