InícioEditorialPolítica NacionalPGR pede que Filipe Martins autorize os EUA consultarem suas viagens

PGR pede que Filipe Martins autorize os EUA consultarem suas viagens

Governo norte-americano se recusou fornecer informações sem autorização de ex-assessor; Paulo Gonet defendeu também que Moraes acione o Ministério da Justiça

PGR pede que Filipe Martins autorize os EUA consultarem dados de suas viagens para o território norte-americano Reprodução/Facebook

Caio Vinícius 26.abr.2024 (sexta-feira) – 17h43

A PGR (Procuradoria Geral da República) pediu que Filipe Martins, que foi assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), autorize o governo dos Estados Unidos consultar suas entradas e saídas no país. O Departamento de Estado (equivalente norte-americano ao Itamaraty) se recusou fornecer informações por ofício do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e sem autorização de Martins.

O ex-assessor de Bolsonaro foi preso em 8 de fevereiro de 2024 na operação Tempus Veritatis e segue detido. A prisão foi autorizada sob o argumento da PF (Polícia Federal), aceito por Moraes, de que Martins estaria foragido e havia risco de ele fugir do país. Quando a ordem de prisão foi emitida, no entanto, a PF soube onde encontrá-lo com facilidade.

Depois da manifestação do órgão dos EUA, Paulo Gonet, procurador-geral da República, defendeu que Moraes acione o Ministério da Justiça e Segurança Pública para se iniciar o trâmite de cooperação internacional. O parecer é de 18 de abril.

No pedido, Gonet diz ser de “interesse” de Filipe Martins as informações do governo dos EUA e que, por isso, deveria autorizar o fornecimento dos dados. A PGR alega que eventuais respostas podem “robustecer” à tese da defesa do ex-assessor.

Agora, o parecer deverá ser analisado por Moraes nos próximos dias. Desde 8 de fevereiro, Filipe Martins está no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), o mesmo que era usado para os presos da operação Lava Jato.

A defesa de Martins afirma que o ex-assessor embarcou em um voo da Latam de Brasília para Curitiba em 31 de dezembro 2022. A companhia aérea confirmou a viagem dele para capital paranaense.

O Poder360 entrou em contato com a defesa de Filipe Martins para questionar se o ex-assessor de Bolsonaro autorizará, mas não obteve resposta até a publicação do texto. O espaço segue aberto.

PEDIDO Moraes atendeu a um pedido da PGR e determinou, em 1º abril, que o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, pedisse informações ao governo dos EUA sobre a entrada e saída de Martins de Orlando, na Flórida, no fim de 2022.

Em resposta ao pedido do Itamaraty, feito sob ordem de Moraes, o Departamento de Estado dos EUA informou que “não poderia compartilhar a informação solicitada por essa Corte sem o consentimento expresso dos interessados”.

O ministro do STF também decidiu aceitar, no mesmo pedido da PGR, o requerimento para acessar as imagens do embarque da comitiva presidencial em 30 de dezembro de 2022 na Base Aérea Brasileira.

Em ofício de 4 de abril, a FAB (Força Aérea Brasileira) informou não haver câmeras de segurança na região de embarque de autoridades.

PRISÃO E INDÍCIOS FRÁGEIS O “risco de fuga” teria sido embasado pela suposta viagem para a Flórida em 30 de dezembro de 2022, mas essa informação nunca foi comprovada pelas autoridades do Brasil nem dos EUA.

Segundo a Polícia Federal, a ida de Martins com Bolsonaro para os EUA poderia “indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais”. O relatório está na decisão de Moraes –leis a íntegra do documento (PDF – 8 MB). Leia abaixo o que está no documento, que levanta dúvidas sobre a própria afirmação da PF (trechos em negrito marcados pelo Poder360):

“O nome de FILIPE MARTINS também consta na lista de passageiros que viajaram a bordo do avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA. Entretanto, não se verificou registros de saída do ex-assessor no controle migratório, o que pode indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais. Considerando que a localização do investigado é neste momento incerta, faz-se necessária a decretação da prisão cautelar como forma de garantir a aplicação da lei penal e evitar que o investigado deliberadamente atue para destruir elementos probatórios capazes de esclarecer as circunstâncias dos fatos investigados.”

A informação de que Filipe Martins teria embarcado para os EUA, como se observa, não havia sido checada de maneira conclusiva –mas a prisão havia sido requerida mesmo assim.

Sobre “a localização do investigado” ser “incerta”, a PF desconsiderou fotos do ex-assessor de Bolsonaro publicadas em perfil aberto na internet. Além disso, quando Martins foi preso, a PF soube onde procurá-lo para efetuar a detenção: no apartamento de sua namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba  –logo, o seu paradeiro era conhecido. Ele hoje está no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR).

Reprodução/Instagram @gisellepepe – 1º.abr.2023

Imagem postada no Instagram pela mulher de Ricardo Pereira, advogado de Martins. A postagem é de 1º de abril de 2023 e mostra o ex-assessor de Bolsonaro; dados do smartphone indicam que imagem foi tirada em 14 de janeiro de 2023 na região de Carambeí, a cerca de 140 km de Curitiba –a defesa disse que o ex-assessor foi para o Paraná no final de 2022

Leia mais em:

Filipe Martins contrata advogado crítico de Alexandre de Moraes PF usou lista encontrada com Cid para basear prisão de Filipe Martins Moraes pede que Latam confirme se Filipe Martins foi para Curitiba Latam confirma que Filipe Martins embarcou para Curitiba no fim de 2022

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