Presa pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) após ser acusada de se passar por vítima da tragédia de Brumadinho (MG), Ana Maria Vieira Santiago, de 61 anos, é candidata ao cargo de conselheira tutelar no Riacho Fundo e no Cruzeiro. O nome da mulher consta na relação preliminar das inscrições para a função com remuneração de R$ 6.510.
Entre os requisitos para ser conselheira tutelar está a necessidade de ter “reconhecida idoneidade moral” e “comprovação de experiência na área da criança e do adolescente de no mínimo três anos”. Caso seja aprovada para o cargo, Ana Maria começaria a trabalhar, prestando apoio a menores de idade, já no ano que vem e seu mandato iria até 2027.
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Ana Maria Vieira Santiago foi presa ao se passar por vítima da tragédia de Brumadinho (MG) Reprodução/Redes sociais
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O nome da mulher consta na relação preliminar das inscrições para a função com remuneração de R$ 6.510 Reprodução/Redes sociais
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Ana Maria foi candidata a deputado distrital em 2014 Reprodução/TSE
O Metrópoles entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para esclarecer qual é a situação da mulher no processo judicial referente ao crime de estelionato em Brumadinho. O órgão não retornou até a publicação desta matéria.
Mina que rompeu em Brumadinho
Barragem de Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
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Rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, deixou ao menos 270 mortos Divulgação/ CBMMG
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tragédia em Brumadinho
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Mina que rompeu em Brumadinho
Vista aérea da mina Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
bombeiros fazem busca em área de pousada Brumadinho
Bombeiros fazem busca na área da Pousada Nova Estância, soterrada pela avalanche de lama Igo Estrela/Metrópoles
tragédia em brumadinho
O prejuízo material também foi grande Igo Estrela/Metrópoles
A reportagem também não encontrou o contato da defesa de Ana Maria. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Candidatura e prisão Candidata a deputada distrital nas eleições de 2014 pelo MDB, Ana Maria Vieira foi presa pela pela PCMG por se passar por vítima da tragédia de Brumadinho (MG). Com o golpe, ela conseguiu indenização de R$ 65 mil da mineradora Vale.
Identificada como “Ana Blue” nas redes sociais, ela alegou que tinha uma casa na região do Parque das Cachoeiras, uma das mais afetadas pelo rompimento da barragem.
De acordo com o inquérito policial, Ana Maria, natural de Anápolis (GO), convenceu alguns moradores de Brumadinho a participar do golpe. Eles mentiram ao afirmar que a ex-candidata tinha uma propriedade no bairro e que o sustento dela vinha da atividade agropecuária. Os comparsas vão responder por falsidade ideológica.
Ao Metrópoles, a Polícia Civil detalhou que a investigação teve início tão logo a brasiliense fez o cadastro para receber a indenização. Ficou comprovado que ela nunca residiu ou teve imóvel no município mineiro.
A prisão ocorreu em 18 de março de 2019. No dia seguinte, ela foi transferida para o Presídio Feminino José Abranches, que fica na cidade de Ribeirão das Neves (MG).
Ana Maria também foi denunciada em ao menos outras seis ocorrências policiais no Distrito Federal. Os registros foram feitos nos anos de 2005, 2008, 2010, 2013, 2016 e em 2019. São cinco acusações por estelionato e fraude à execução e uma por receptação de celular furtado.
Filho roubou deputado O nome de Ana Maria voltou a ser ventilado no noticiário policial em 2022, quando o filho dela, Alisson Santiago de França, foi preso acusado de assaltar o deputado federal Israel Matos Batista (PSB-DF), conhecido como Professor Israel.
A coluna Na Mira, do Metrópoles, teve acesso à ficha do responsável por cometer o crime após realizar um fetiche do parlamentar. Entre as informações como profissão, altura e documentos pessoais, aparece a filiação de Alisson.
Ele e mais três comparsas são suspeitos de render e ameaçar o congressista com um facão. Na ocasião, o parlamentar entregou carteira, celular e as chaves do carro.
O suspeito confessou à polícia, à época, ter armado com seus comparsas uma arapuca para o parlamentar. Com a mesma frieza que admitiu o crime, também relatou o motivo de estar na companhia de Israel — até aquele momento, ele não sabia que se tratava de um político.
Em relato à polícia, o morador de rua descreveu, detalhadamente, as interações que tinha com o político. Ele contou ter aceitado R$ 50 de Israel para realizar um fetiche do deputado. Afirmou, também, ter comprado três pedras de crack na Rodoviária do Plano Piloto a pedido do parlamentar.