Em um sistema eleitoral tão peculiar e que permite votos antecipados em quase todos os estados, a corrida para a Casa Branca chega aos seus momentos decisivos com apenas 4 dias restantes para campanha. Segundo os números mais atualizados, cerca de 62 milhões de americanos já depositaram seus votos nas urnas, o que corresponde a 39% dos votos realizados nos últimos ciclos eleitorais. Historicamente, eleitores democratas costumam antecipar seu voto, enquanto os eleitores republicanos comparecem mais em peso no dia da votação.
Com isso, muitas pesquisas feitas com quem já votou mostram a típica vantagem numérica dos democratas, mas em um patamar abaixo da margem de Hillary Clinton em 2016 e muito abaixo da margem de Joe Biden em 2020, e consequentemente, tais números animam a campanha dos republicanos. Considerando que quase 4 em cada 10 votos já estão decididos, a margem para uma grande mudança vai se tornando reduzida, e comícios impactantes, assim como declarações desastrosas podem não ter o impacto tão esperado por cada um dos candidatos.
Ao longo dos últimos dois ciclos de eleições presidenciais nos Estados Unidos, ou seja, desde que Donald Trump, entrou na política, os números e as pesquisas eleitorais parecem divergir daquilo historicamente mostrado pelos mesmos institutos. O comportamento do eleitor parece ter mudado e obter precisão em se determinar qual estado irá para cada candidato se tornou extremamente mais difícil. Desde a pandemia fluxos migratórios internos nos Estados Unidos fizeram com que estados claramente republicanos se tornassem aos poucos mais liberais, como é o caso do Texas que recebeu milhares de californianos nos últimos anos.
Da mesma forma, estados considerados pendulares e até mesmo mais liberais se tornaram mais conservadores pela adoção de certas políticas estaduais, como é o caso da Flórida de Ron DeSantis, um bastião do trumpismo na atualidade. Não apenas a mudança de residência explica esse fenômeno, mas também o advento das redes sociais que alteraram completamente a forma de se fazer política e de se posicionar politicamente perante sua comunidade e a nação como um todo. Nesse sentido vemos que as incongruências entre o que as pesquisas medem e o que as urnas falam são cada vez maiores.
O último final de semana de campanha promete ser intenso, com viagens a múltiplos estados no mesmo dia por ambos os candidatos, de Wisconsin à Nevada, da Geórgia à Pensilvânia, Donald Trump e Kamala Harris, correm para o sprint final em busca de votos que podem ser cruciais. De fato, nos Estados Unidos, cada voto é extremamente importante já que nas últimas eleições alguns milhares de votos fizeram total diferença seja na eleição de Trump em 2016, seja na vitória de Biden em 2020.
Conseguir convencer o eleitorado a comparecer na terça-feira é fundamental para assegurar a maior margem possível de votos em condados ideologicamente conservadores ou liberais. Tudo indica que esse esforço homérico de viajar o país de leste a oeste e de norte a sul várias vezes, e em apenas 4 dias pode ser decisivo, mas com 40% dos votos já nas urnas, talvez o destino da América já esteja selado em azul ou vermelho.