Um relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirma que a corporação concentrou no Nordeste as ações de fiscalização durante o segundo turno das eleições do ano passado. O ministro da Justiça, Flávio Dino, tratou essa operação da PRF, nas vésperas da realização do segundo turno e também no dia do pleito, como anormal e atípica. Dino disse que, depois desse relatório, foi possível comprovar as suspeitas. Na ocasião, uma série de blitzes paralisou carros, ônibus e outros veículos. Viralizaram diversos vídeos nas redes sociais mostrando que esses ônibus estavam sendo parados, principalmente, na região Nordeste, onde o presidente Lula (PT) obteve ampla vantagem no primeiro turno. Os apoiadores de Lula argumentaram que essa era uma tentativa da PRF de evitar que eleitores chegassem às suas cidades para votar.
O ministro da Justiça apontou três anomalias: houve muito mais operações no Nordeste do que nas outras regiões do país; foi alterado o planejamento em relação aquilo que havia sido programado para o primeiro e o segundo turnos — na verdade, foi duplicado com a locação de mais recursos; e houve uma determinação para que a Polícia Rodoviária Federal atuasse com mais rigor em parceria com a Polícia Federal. Segundo esse relatório, que foi enviado para a Controladoria Geral da União (CGU), foram 2.185 ônibus parados entre os dias 28 e 30 de outubro na região Nordeste, 893 no Centro-Oeste, 32 no Sul, 571 no Sudeste e 310 no Norte. Mais especificamente no dia 30 de outubro, quando foi realizado o segundo turno, foram 324 ônibus parados na região Nordeste, 152 no Centro-Oeste, 79 no Sul, 72 no Norte e 65 no Sudeste. Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior (TSE), chegou até a determinar que fossem interrompidas as operações da PRF.
*Com informações do repórter João Vitor Rocha