As polícias Civil e Militar de Pernambuco deflagaram, nesta quinta-feira (28/11), a Operação Maré Alta, que tem como alvo a facção criminosa Nova Okaida. O grupo é da Paraíba, mas domina o estado de Pernambuco e também atua no Ceará.
A facção escolheu seu nome como referência à organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda. Apesar da inspiração, a facção brasileira não tem nenhum aspecto religioso.
A Nova Okaida utiliza como símbolo a imagem de Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al-Qaeda, inclusive em grupos de membros da organização criminosa na rede social WhatsApp, segundo revelado pela Polícia Civil.
De acordo com a instituição, a Nova Okaida é a maior facção criminosa da Paraíba “É resultado de dissidências das antigas Facções Okaida e Okaida RB, e comanda o tráfico de drogas em todo o estado”, define a Civil.
A quadrilha cresceu em paralelo com sua maior rival, a facção Estados Unidos, criada, também, em meados dos anos 2000. No começo da década, a Nova Okaida dominava bairros de João Pessoa como a Ilha do Bispo, São José e Alto do Mateus. Já os membros dos Estados Unidos estavam presentes nas regiões de Mandacaru, Bola da Rede e Novais.
Segundo a tese de mestrado do tenente-coronel da Polícia Militar, Carlos Eduardo Santos, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, os dois grupos se diferenciam pelas tatuagens de seus integrantes. Quem pertence à Okaida marca a pele com palhaços ou com o personagem Chucky Brinquedo Assassino. Enquanto os membros da Estados Unidos tatuam a bandeira dos EUA ou um peixe.
Ao longo dos anos, a Okaida superou sua rival em número e força. Atualmente, a facção Estados Unidos contina a ocupar alguns poucos bairros e pavilhões de cadeias de João Pessoa.
Entenda a Operação Maré Alta
A Operação Maré Alta mira integrantes da Nova Okaida. Segundo informações do Diário de Pernambuco, parceiro do Metrópoles, o grupo estaria envolvido em cerca de 20 homicídios e em casos de tortura em Goiana, na Mata Norte.
O principal alvo da operação é Marcílio Carneiro Melo Júnior, o Rato, de 23 anos, apontado como uma das lideranças da facção no Estado. Ele foi detido em uma casa em Ponta de Pedras, em Goiana, onde os policiais também encontraram cerca de R$ 3,1 mil, em espécie.
Com passagem por tráfico de drogas, Rato é suspeito de envolvimento direto no assassinato de um homem no dia 25 de setembro. O homicídio teria acontecido em vingança pela morte do irmão dele.
O acusado estaria ligado, ainda, a um triplo homicídio, ocorrido no dia 29 de setembro, na praia de Ponta de Pedras, região litorânea da cidade. As vítimas, todas do sexo masculino, teriam sido torturadas por integrantes da Nova Okaida antes da execução.
Liberdade provisória
Entre os alvos da operação, também estão os investigados Mateus de Barros Silva e José Roberto da Silva, que foram presos nesta quinta, além de Pablo Lima de Macedo, Leonardo Ferreira da Silva e Elias Eronildo da Silva. Um adolescente também faz parte do grupo.
Rato, Mateus, Pablo e Leonardo já haviam sido detidos em flagrante, por porte ilegal de arma de fogo, no mês passado. Na ocasião, eles estavam escondidos em uma casa, na comunidade das Malvinas, e foram pegos com um revólver calibre 38.
Na delegacia, os suspeitos negaram envolvimento com a Nova Okaida e alegaram que a arma havia sido comprada em uma feira clandestina no Recife, após Rato receber ameaças. Todos receberam liberdade provisória na audiência de custódia.
Com o avanço da investigação, a Polícia Civil conseguiu autorização da Justiça para cumprir quatro mandados de prisão preventiva e seis temporárias na Operação Maré Alta. Ao todo, cinco prisões foram efetuadas.