O vice-governador do Estado de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), afirmou na manhã desta quinta-feira, 13, que novos arrastões e invasões de estabelecimentos, com saques e depredações, no centro da capital paulista, como os que ocorreram na semana passada, por parte de pessoas em situação de rua, dependentes químicos e criminosos, não são descartados pelas forças de segurança. Ele disse que diversas ações vão continuar sendo implementadas na região para “devolver o centro de São Paulo para o cidadão de bem” e que sabe que determinadas atividades do poder público terão novas “reações”. A declaração foi dada com exclusividade ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News: “Toda ação, principalmente na área de segurança pública, acaba tendo uma reação por parte do status quo daquela situação que já estava estabelecida na região central da cidade. Nos reunimos pessoalmente com comerciantes da região, com moradores da Avenida São Luis, da Praça da República, uma série de reuniões apontando os caminhos que serão seguidos. Então, podem acontecer outras reações como a gente viu [na semana passada, com a invasão e saque de uma farmácia]“, afirmou Ramuth. O caso da invasão de uma farmácia na região ocorreu após a prefeitura de São Paulo intensificar as ações de retirada de barracas montáveis das ruas.
“Ao longo da campanha eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas se comprometeu em apoiar o município de São Paulo para devolver o centro da cidade para o cidadão de bem. Ele tem feito isso desde o início e me incumbiu da missão de integrar todas as secretarias do Estado, bem como Edson Aparecido, nomeado pela prefeitura, para ações conjuntas na área de segurança. Ao longo dos próximos meses, nós teremos, cada vez mais holofotes em relação à região central da cidade, porque nós temos muitas ações sendo implementadas”, completou Ramuth. O vice-governador ainda informou que 500 câmeras inteligentes, com capacidade de reconhecimento facial e leitura de placas de carros, estão sendo instaladas na região central da capital paulista para funcionar a partir de junho.
“Fui prefeito de São José dos Campos. Lá, nos temos 1.200 câmeras e todos os indicadores de segurança melhoraram após a implantação delas. Nesse mesmo modelo, a cidade de São Paulo terá uma das maiores concentrações do mundo [de câmeras], porque serão 7,5 quilômetros quadrados com 500 câmeras. Elas farão muita diferença para apoiar a ação dos homens e mulheres das forças de segurança”, disse. “Ao longo dos meses, vamos ser resilientes para implementar novas ações para dificultar a vida dos criminosos e poder acolher aqueles que de fato precisam. Nosso foco é acolher os vulneráveis e devolver o centro para os moradores, para o turismo e para o comerciante”.
Questionado sobre as ações voltadas especificamente para a cracolândia e os dependentes químicos, Ramuth ressaltou o novo hub de Cuidado em Crack e Outras Drogas, que, segundo ele, funcionará como ação integradora entre entes que atuam na promoção de convencimento ao tratamento e desintoxicação dessas pessoas. “É uma grande porta de entrada para que os usuários das cenas abertas de uso da região central [da capital paulista] possam ser abordados por profissionais com experiência em dependência química, para trabalhar o convencimento daquelas pessoas para seguirem até o Hub. É uma única rede de atendimento a usuários de crack e outras drogas que podem ser acessadas de diversas formas. Pode ser por meio dos missionários, que fazem um grande trabalho, de igrejas católicas e evangélicas, os grupos de mútua-ajuda, narcóticos anônimos, alcoólicos anônimos. Até então, havia um trabalho desconectado entre todos esses atores, que já faziam um ótimo trabalho na região. Agora, nós temos essa grande porta de entrada conjunta”, disse.
O vice-governador ressaltou que a abordagem e o acolhimento aos dependentes será humanizado e individual: “Esses usuários terão como oferta uma grande linha de cuidados. Nós vamos respeitar a singularidade de cada um. Nós temos os Capes, que podem fazer tratamento e atendimento, os grupos de mútua-ajuda, o acolhimento em comunidades terapêuticas, a internação em hospitais psiquiátricos, hospitais gerais e internação para desintoxicação. No hub temos também o acolhimento social, onde a gente recebe essas pessoas, que permanecem por 24 horas, no máximo 48 horas para o encaminhamento. O trabalho de convencimento é difícil, é complexo, se perder a oportunidade que a pessoa está dando para seguir com o tratamento, dizendo ‘volte daqui a três dias’, a gente pode perder essa grande oportunidade”.
Já sobre a questão das internações compulsórias, Ramuth não descartou, mas afirmou não ser a linha prioritária, pontuando que depende de avaliação clínica e decisão judicial, em casos extremados: “Eu costumo dizer que qualquer cuidado voltado a cuidados com crack e outras drogas não pode ter uma única linha de cuidado. Essas são duas das opções, a internação involuntária e a compulsória. Portanto, elas não estão descartadas. Mas elas não são a linha mestra deste grande programa de cuidados implementado pelo governador. Elas também serão utilizadas quando necessário e seguindo todos os ritos. Não é uma vontade do governador, do prefeito, e sim da análise clínica dessa equipe multidisciplinar”.