São Paulo — Um turista fez um registro frontal do momento em que o avião PR-GFS pousa na pista do Aeroporto de Ubatuba, no litoral de São Paulo, e invade a Praia do Cruzeiro, no acidente que matou um piloto e deixou quatro pessoas da mesma família feridos, na última quinta-feira (9/1).
Nas imagens, é possível ver o avião chegando pelo ar, que está nublado e chuvoso. A aeronave percorre por alguns segundos na pista, até invadir o gramado e romper o alambrado do aeroporto, explodindo instantaneamente.
Rogerio Prado, de 46 anos, contou ao Metrópoles que estava fazendo uma caminhada pela Praça Trópico de Capricórnio, um dos pontos turísticos da cidade, e parou para fazer selfies. “Quando eu virei para o mar, eu vi o avião contornando, descendo a serra. Eu pensei ‘vou ficar filmando’, para depois ter o vídeo guardado”, disse.
O morador de Passos, em Minas Gerais, afirmou que havia saído do local exato por onde o avião passou por causa de poste, que atrapalharia o registro das imagens. “Se eu não tivesse mudado de lugar, ou se o avião não tivesse virado, ia me explodir na hora. Foi um livramento duplo”, afirmou Rogério.
Rogério disse que viu o avião ultrapassando a pista pela tela do próprio celular, mas que conseguiu desviar a tempo e não ficou ferido. “Só a labareda que acertou as minhas costas e ardeu na hora, o braço ardeu mais. Ficou um vergão, mas nem procurei médico. Como se fosse uma queimadura de praia.”
Quem estava no avião
Cinco pessoas estavam a bordo da aeronave, um Cessna, modelo Citation 525, de matrícula PR-GFS: a empresária Mireylle Fries, de 41 anos; o seu marido, Bruno Almeida Souza, de 45; os filhos do casal, de 6 e 4 anos; e o piloto Paulo Seghetto, de 55 anos.
Seghetto ficou preso nas ferragens do avião após a explosão e foi a única das vítimas que não sobreviveu aos ferimentos.
O casal e as crianças são familiares do produtor rural Nelvo Fries, de acordo com informações de integrantes da empresa dele, a Agrícola Fries. Todos foram socorridos, inicialmente, na Santa Casa de Ubatuba.
Ao longo do dia, todos foram transferidos para o Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba, cidade vizinha ao local do acidente. Mais tarde, foram levados ao Hospital Sírio-Libanês na capital paulista.
Mireylle passou por cirurgia e, até a noite de quinta, estava em observação. Segundo o último boletim médico divulgado, o quadro de saúde dela era considerado grave.
Outras três pessoas, que estavam no solo, foram atingidas. Segundo a Prefeitura de Ubatuba, uma mulher de 59 anos, que passava pelo local no momento do acidente, torceu o pé e machucou o joelho. Ela foi socorrida e seu quadro é estável.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, nenhum dos socorridos corre risco de morte.
Investigação
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidente Aeronáuticos (Cenipa) investigam as causas do acidente aéreo. O avião saiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás.
A Rede Voa, concessionária do Aeroporto Estadual de Ubatuba Gastão Madeira, informou que as condições meteorológicas na cidade eram “degradadas, com chuva e pista molhada”. A aeronave chegou a passar pela pista de pouso do aeroporto, mas não conseguiu concluir a aterrissagem.
“Após o pouso, a aeronave ultrapassou a pista, atravessou o alambrado da Cabeceira 09 e atingiu uma mulher e uma criança. Ambas estão com vida. O Seripa já foi acionado e está coletando informações”, informou a concessionária.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o Cenipa realizará a chamada “ação inicial”, conduzida por pessoal qualificado que “realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação”.
A conclusão da investigação, ainda de acordo com a FAB, “terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”.