A Uber decidiu suspender o serviço de motáxi na cidade de São Paulo. A informação foi confirmada através de um comunicado da empresa nesta segunda-feira, 30. A decisão foi tomada após o prefeito Ricardo Nunes (MDB) solicitar aos representantes da empresa no Brasil, onde externou a preocupação “envolvendo a segurança e a saúde da população de São Paulo no viário urbano”. Um decreto publicado no Diário Oficial da Prefeitura, no dia 7 de janeiro, pedia a suspensão temporária da atividade. Em seguida, segundo a Prefeitura, um Grupo de Trabalho foi criado para “discutir sobre a regulamentação municipal do serviço, tendo como base pode a segurança de todos os envolvidos”. Ainda de acordo com a Administração Municipal, “A segurança dos motociclistas, a redução no número de sinistro fatais no trânsito e o impacto no sistema público de saúde são preocupações do prefeito Ricardo Nunes”. Segundo o comunicado da Prefeitura, “redução no número de óbitos por sinistros no trânsito consta, inclusive, como meta 39 do Programa de Metas da Prefeitura”. Dados do órgão apontam que em dezembro de 2020, a ideia é diminuir o número de casos fatais por 100 mil habitantes para 4,5 em 2024. Em dezembro de 2020, o índice era de 6,56. A Prefeitura encerra dizendo que “adota diversas ações de segurança voltadas aos motociclistas, como a Faixa Azul, instalada na Avenida 23 de Maio e na Avenida Bandeirantes”.
Segundo a Uber, o serviço foi lançado em 2020 como uma “oportunidade de se movimentar de modo conveniente e econômico”. Ao mesmo tempo, a ideia é oferecer aos motociclistas parceiros uma forma de gerar renda em horários diferentes dos picos de demandas de entrega, fornecendo também recursos de segurança. Segundo a empresa, um projeto-piloto foi lançado para analisar a viabilidade do Uber Moto na cidade. O serviço, segundo o Uber, foi testado em lugares afastados da cidade em horários específicos “e onde a oferta de alternativas de mobilidade em duas rodas já é uma realidade por conta dos desafios logísticos e da alta densidade populacional”. De acordo com a plataforma, nenhum acidente foi registrado durante os 20 dias de operação. O Uber informou ainda que em cidades onde o serviço é realizado há mais tempo, como em Fortaleza (desde 2021), “o número de vítimas fatais em acidentes de moto na verdade vem se reduzindo, de acordo com dados da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) do município”. O mesmo ocorre em Recife. A empresa informou, baseado no relatório da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) da cidade, que houve uma redução de 39% de acidentes fatais envolvendo motociclistas, se comparado com 2020.
Em contrapartida, a empresa diz entender que São Paulo “tem desafios singulares e superlativos”. “Hoje, mais de 42 milhões de viagens acontecem diariamente na cidade, nos mais diversos meios de transporte. São mais de 17.000 quilômetros de vias que, mesmo abastecidas por diferentes modais, ainda não atendem a toda demanda populacional”, disse a empresa. “Entendemos que a prefeitura da cidade ainda necessita de estudos mais aprofundados, que vêm sendo conduzidos por meio de um grupo de trabalho técnico que já conta com a participação da Uber”, complementou. Por isso, a Uber optou por suspender o serviço na cidade, em comum acordo, “ainda que amparados em legislação federal que permite o serviço”. O Uber disse ainda que procura alternativas junto ao Executivo municipal. Por fim, a empresa reforçou o tempo de atuação na cidade e que continuará atuando visando facilitar “a forma como as pessoas se movimentam e geram renda. São Paulo continuará a ser parte desta história”.