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Uns dias chove, noutros dias bate Sol

Sempre que leio um desses romances russos, faz muito frio nas ruas de São Petersburgo. A nevasca é tamanha que, por conta do roubo de um capote, Nikolai Gógol criou uma história que segue interessante por quase dois séculos. Mas, vejam só, não é que a novela tem justamente essa peça de vestuário como título! Pois, bem, estou lendo O Capote, à sombra refrescante do ar-condicionado de uma clínica odontológica. É uma tarde comum de Inverno no Hemisfério Sul e, nesse exato momento, o Hemisfério Norte enfrenta mais uma onda de calor selvagem chamada Cérbero, que é o nome do cão de três cabeças da mitologia grega. Sabiam que junho foi o mês mais quente, não só do ano, mas, do século dezenove? A informação é do Copernicus, que é como se chama o observatório europeu do clima ou da seca, como quiserem. Superou até a onda de calor de 2021, que ficou conhecida como Lúcifer. Desta vez, os termômetros bateram uns 50 graus na Espanha. Claro, nada que se compare aos cerca de 57, registrados em 1914 no Vale da Morte, que fica na Califórnia. Na porta de vidro da clínica odontológica, reparo em um aviso sobre o uso obrigatório de máscaras, certamente foi colocado ali no período crítico da pandemia. Por menos de um segundo, confesso, a cabeça dá um bug. Será que o vírus voltou e não fiquei sabendo? Não, claro que não. Vai ver mantiveram o adesivo para o caso de alguma emergência. Convenhamos que, desde março de 2020, nada parece exatamente tranquilo nesses assuntos de saúde pública. Retomamos, com reserva, alguns velhos hábitos. Ir a festas, dançar com estranhos… Pelo janelão horizontal de vidro, enquanto espero, diviso os contornos do edifício onde moro, no mesmo bairro. Um prédio entre muitos prédios. Como é esquisito ver o local que se habita assim de longe, sem a intimidade dos móveis. Vivo ali mesmo? O céu está carregado de nuvens, mas o calor não cede em muitos centigrados. É certo que chove, às vezes venta muito forte. E é sempre triste constatar quanto é frágil nossa aldeia Potemkin. O azul, no entanto, insiste. Como os antigos vendedores de enciclopédia Barsa, com a paciência dos que têm contas a pagar. Dizem que, em algum lugar de Salvador, há um Inverno de verdade. Só não se sabe onde.

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