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Venda da Amil: Lula é incapaz de beneficiar Amis e influenciar pessoas

No jornalismo, a venda da Amil foi uma novela excitante para as editorias de Negócios. Durou dois anos. Ao final, o plano de saúde foi comprado por José Seripieri Filho, mais conhecido como Júnior, fundador e ex-dono da Qualicorp, empresa que cresceu e se multiplicou em bilhões de reais oferecendo planos de saúde coletivos para associações e sindicatos, esse mundo que é o primado da ética.

Ele vendeu a Qualicorp para a Rede D’Or e depois abriu um negócio chamado QSaúde, que não deu muito certo, mas mesmo assim encontrou comprador. Júnior é um homem de sorte, e sorte é um dos componentes fundamentais para o bom andamento do negócios.

Como empresário, Júnior é também um sucesso entre os políticos. É amigo de todo mundo que interessa ou  interessava. A festa de aniversário de 15 anos da sua filha, em 2011, reuniu uma plêiade de políticos no Jockey Clube de São Paulo, decorado com magnificência.

Houve um pequeno contratempo na sua carreira, é verdade. A amizade com o tucanato lhe rendeu uma breve prisão no âmbito da Operação Lava Jato, em 2020, acusado de repassar 5 milhões de reais a José Serra, no caixa 2. Para ser solto, ele fez acordo de delação e pagou 200 milhões de reais em multas. Como todo mundo sabe, a Lava Jato prendeu gente inocente.

A amizade com os petistas, por sua vez, só lhe deu alegrias. O amigo do peito é Lula, a quem Júnior já ofereceu hospedagem em mansão de veraneio e emprestou helicóptero e avião. A amizade é tão grande, bonita mesmo, que ele foi o único empresário convidado para o casamento do chefão petista com Janja. Não é pouco.

Júnior também faz parte do Conselhão de Lula. É uma prova de que conselho bom se dá de graça, ao contrário do que diz o ditado popular.

Como eu ia dizendo no início, a venda da Amil foi uma novela excitante para as editorias de Negócios. Quando tudo parecia se encaminhar para que o plano de saúde fosse vendido dos americanos do United Health Group para os americanos da Bain Capital, Júnior atropelou e venceu a parada.

Ele não atropelou apenas os gringos. Outros cachorros grandes ficaram para trás, como o fundo soberano de Abu Dhabi e a Dasa, empresa da família de Edson Bueno, que fundou a Amil e queria recomprar a empresa. Quem poderia imaginar? Inclusive porque Júnior dizia por aí que tinha medo de voltar a empreender na área de planos de saúde. Que só o faria se surgisse uma oportunidade.

Mas quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Júnior tinha ao seu lado ele o onipresente André Esteves, do BTG Pactual, que conduziu a negociação. André Esteves, que também foi preso injustamente pela Lava Jato, assim como Júnior, e também é amigo de uma plêiade de políticos, especialmente petistas. Quer dizer, hoje em dia, os políticos é que são amigos dele.

O preço pago pela Amil, que vem dando prejuízo, foi de 11 bilhões de reais. Mas Júnior pagou 2 bilhões, porque os 9 bilhões de reais restantes são do passivo que ele assumiu. Dívidas.

O medo de Júnior de voltar a empreender nessa área transformou-se em valentia. Valentia bem calculada. Em primeiro lugar, porque quem está financiando os 2 bilhões são o BTG Pactual, o Santander e o Bradesco. Em segundo lugar, porque, dos 9 bilhões de reais do passivo da Amil, estima-se que 60% sejam de dívidas tributárias.

A ideia é “reestruturar” as dívidas tributárias. Ou seja, de alguma forma pagar menos do que a Amil deve ao Fisco — o que significaria que você e eu pagaríamos indiretamente para Júnior comprar a Amil, quem sabe ao lado de parceiros interessados em ficar com a empresa inteira em futuro não tão distante. Mas isso é de somenos. É estimulante ajudar velhos talentos, e sempre haverá alguém de mais bom senso do que os pagadores de impostos para dizer que é melhor receber menos do que não receber nada.

A novela a ser acompanhada agora pelas editorias de Negócios é a da “reestruturação” das dívidas tributárias da Amil. A Receita Federal e eventuais similares regionais vão reestruturar?

Depois de arrematar a Amil, Júnior prestou a devida — e bem devida — homenagem a André Esteves pela sua “atuação incrivelmente profissional”, acrescentado a seguinte frase ao jornalista Julio Wisiack:

“E meu especial agradecimento ao presidente Lula, meu eterno inspirador.”

Ao ouvir essa frase, o jornalista naturalmente perguntou se o presidente da República havia ajudado a fechar o negócio. Júnior respondeu que não. “Somente pela inspiração, pela resiliência.”

Fica combinado, então, que o empresário não agradeceu especial e antecipadamente a Lula por qualquer boa vontade governamental no imbróglio das dívidas tributárias. Todo mundo sabe um monte de coisas — entre elas, que Lula é incapaz de interferir para beneficiar Amis e influenciar pessoas. Júnior tem de entender que a chave é a resiliência: reestrutura bem que a coisa vem, meu bem.

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