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Vistoria após morte de preso pelos atos do 8 de Janeiro encontra más condições no Complexo da Papuda

A visita da Defensoria Pública do Distrito Federal ao Complexo da Papuda, onde estão os presos pelas invasões e depredações dos atos do 8 de Janeiro, foi realizada na última terça-feira, 21. No relatório constam os depoimentos de diversos detidos que foram companheiros de cela de Cleriston Pereira da Cunha, também preso pelos ataques e que morreu na segunda-feira, 20, dentro da penitenciária após sofrer de um mal súbito durante um banho de sol. A maioria dos detentos relatou problemas de saúde física e psicológica. Entre eles, está o caso de um presidiário que declarou que sofre de estreitamento do ureter e para urinar precisa utilizar uma sonda. É o próprio preso quem troca o equipamento. Ao relatar o caso, o homem disse sofrer de muita dor física, risco de infecção e, segundo ele, não há atendimento médico de urologia na Papuda. As marmitas fornecidas aos detentos também foram alvo da apuração da Defensoria Pública. Os alimentos servidos não foram identificados e alguns presos alegaram terem recebido comida com pedaços de ratos e caramujos. De acordo com eles, caso recusem a comida, a Polícia Penal os ameaça de denúncia por motim.

Outra denúncia feita foi sobre a qualidade da água. De acordo com os presos, a água teria cor marrom e seria preciso filtrar com um pano para consumir e tomar banho. Um tecido utilizado para este fim foi entregue às autoridades com manchas escuras. A Defensoria Pública foi acionada após a morte de Cleriston para avaliar a qualidade da saúde, alimentação e higiene dos presos. O preso possuía histórico de diabetes e problemas cardíacos. Outros presidiários relataram problemas dentários, infecções contraídas dentro do presídio, pedidos de consultas médicas não atendidos e casos de depressão profunda.

Depois da morte de um dos envolvidos no 8 de Janeiro, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinou a soltura de sete presos com a justificativa de que as prisões não são mais necessárias e podem ser substituídas por medidas alternativas. Entre as medidas cautelares impostas pelo ministro, estão: uso de tornozeleira eletrônica, obrigação de comparecimento semanal ao Juízo da Execução da Comarca de origem, proibição de sair do país, recolhimento domiciliar à noite e aos finais de semana , proibição de usar redes sociais e de manter contato com demais envolvidos.

*Com informações da repórter Marília Sena

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