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Imortal: Gilberto Gil toma posse na Academia Brasileira de Letras

O músico baiano Gilberto Gil, 79 anos, é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Cantor, compositor instrumentista e também ex-Ministro da Cultura, Gil tomou posse na noite desta sexta-feira (8). O artista passou a ocupar a Cadeira 20 da Academia, sucedendo o advogado, escritor e jornalista Melo Filho, que faleceu em 2020. Gil é o segundo negro na composição atual dos imortais da ABL.

Foi Fernanda Montenegro colocou o colar da Academia em Gil (Foto: Osmar Marrom Martins/CORREIO)

A cerimônia aconteceu no Salão Nobre da ABL, no Rio de Janeiro, e contou com a presença da família e amigos do músico. Após o discurso, Gil recebeu das mãos da atriz Fernanda Montenegro o colar da Academia. A espada foi entregue pelo escritor Arnaldo Niskier e o diploma pelo cineasta Cacá Diegues. 

Gil foi eleito em novembro de 2021 com 21 votos para integrar o grupo de acadêmicos. Ele concorreu com o poeta Salgado Maranhão, que teve sete votos, e o autor e crítico Ricardo Daunt, que não recebeu votos. Agora, o baiano estreita os laços da Academia com a música e a cultura popular brasileira. 

— Gilberto Gil (@gilbertogil) April 9, 2022

Em seu discurso, Gil falou do desejo de colaborar para o debate, em prol da cultura e da justiça. “Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora. Há uma guerra em prol da desrazão e do conflito ideológico nas redes sociais da Internet, e a questão merece a atenção dos nossos educadores”, disse.

Gil também comentou sobre papel da ABL na cultura brasileira e a responsabilidade de fortalecer a democracia. “O que os políticos estão fazendo para acabar com a fome e o analfabetismo? Quando conseguiremos alcançar a tão sonhada independência científica e tecnológica? Até quando o Brasil será o “país do futuro” de Stefan Zweig?”, questionou. 

A posse foi transmitida pela academia:

 

Vida e carreira

Gil foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos 60 e é autor de músicas consagradas como “Procissão”, “Domingo no Parque” e “Aquele Abraço”.

Desde cedo, Gil mostrou interesse por música e cresceu ouvindo os interpretes da época, entre eles, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Francisco Alves. Com 9 anos, já em Salvador, ao mesmo tempo que cursava o ginasial, estudava música na Academia Regina. Seu instrumento preferido era o acordeão, mas aprendia também a tocar violão. Em 1960, Gilberto Gil ingressou na Universidade Federal da Bahia para cursar administração de empresas. No ano seguinte, ganhou um violão de presente de sua mãe.

Ainda estudante de música, Gilberto Gil fazia parte do conjunto “Os Desafinados”, onde ele praticava o que aprendia na academia de música. Em 1963 fez sua primeira música “Felicidade Vem Depois”, um samba bossa-nova inspirado no estilo João Gilberto, que nunca foi gravada. 

No final de 1963, Gilberto Gil conheceu Caetano Veloso, Maria Betânia, Gal Costa e Tom Zé, com quem iniciou mais tarde o movimento artístico chamado “Tropicalismo” Em 1967, a música “Domingo no Parque”, que Gilberto Gil cantou com a participação dos Mutantes, ficou em 2.º lugar no III FMPB, festival que foi o ponto de partida para o “Tropicalismo”. 

A ideia do movimento tropicalista era a fusão de elementos da música inglesa e americana junto com as músicas de João Gilberto e Luiz Gonzaga. O movimento causou polêmica, porém, abriu portas para uma nova etapa na música popular brasileira. Ainda em 68, ele lançou o disco “Gilberto Gil” com 14 músicas, entre elas, “Procissão” e “Domingo no Parque”, e um disco manifesto, intitulado “Tropicália” do qual participaram Caetano, Gal Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.

O Movimento Tropicalista foi considerado subversivo pela ditadura militar e Gilberto Gil foi preso, junto com Caetano Veloso. Em 1969 Gil se exilou na Inglaterra e lançou o disco “Gilberto Gil”, com a música “Aquele Abraço”, última música que Gil gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa. Aquele Abraço foi o seu maior sucesso popular e tornou-se um samba de despedida.

No início de 1972, Gilberto Gil voltou definitivamente ao Brasil, em seguida lançou “Expresso 2222”. Em 1976, junto com Caetano, Gal e Betânia, formaram o conjunto “Doces Bárbaros” que rendeu um álbum e várias turnês pelo país. Em 1978, se apresentou no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Word Music com “Quanta Gente Veio Ver”. 

Além de ser um dos nomes mais importantes da música brasileira, Gil também atuou na política. Foi vereador pelo Partido Verde e de 2003 a 2008, assumiu o Ministério da Cultura, durante o governo Lula.

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