Após um resultado de primeiro turno acirrado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), a primeira semana da campanha para a reta final das eleições foi repleta de articulação política, fake news e polêmicas envolvendo os dois candidatos.
Enquanto Bolsonaro esteve à frente de Lula na construção de alianças estaduais – com o apoio de 11 governadores à sua reeleição –, o petista, apesar de ter feito menos articulações em relação ao atual presidente, conseguiu fechar o apoio de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
A semana também teve os dois presidenciáveis no alvo de notícias falsas, com associações ao satanismo e à maçonaria.
Um vídeo antigo que passou a circular em aplicativos de mensagens mostra o atual chefe do Executivo federal discursando em uma loja da maçonaria. O conteúdo é anterior à primeira candidatura de Bolsonaro à Presidência, em 2018.
As imagens vêm sendo exploradas por apoiadores de Lula, na tentativa de desgastar Bolsonaro perante o eleitorado cristão. A Igreja Católica se opõe à participação de seus fiéis na maçonaria. As agremiações evangélicas também fazem juízo negativo sobre a sociedade secreta.
Já o caso envolvendo o ex-presidente tem relação com um vídeo em que um satanista declara apoio ao petista. O homem, identificado como Vicky Vanilla, aparece vestindo uma camisa vermelha com a estrela do PT e uma bandeira de Lula.
A gravação foi associada ao petista durante os últimos dias, o que fez o PT negar qualquer relação e pedir ao TSE a remoção do vídeo.
Foco no Sudeste Nos últimos dias, Bolsonaro e Lula focaram suas agendas na região Sudeste, que concentra os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O atual presidente conquistou a preferência de 47,71% do eleitorado de SP, o equivalente a 12,2 milhões de votos. No estado, Lula ficou em segundo lugar, com 10,4 milhões de votos (40,89%).
Já o petista foi o vencedor entre o eleitorado mineiro e obteve 48,29% dos votos registrados para presidente da República em Minas Gerais (5.802.571). O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, obteve 43,60% dos votos (5.239.264).
No Rio de Janeiro, Bolsonaro recebeu 4,8 milhões de votos, o equivalente a 51,09% do total. Lula registrou 3,8 milhões (40,68%).
Apesar de ter perdido em Minas Gerais, Bolsonaro conseguiu articular o apoio do governador do estado, Romeu Zema (Novo), à sua reeleição – passo extremamente relevante para tentar reverter o quadro do primeiro turno.
O cientista político Eduardo Galvão avalia que as estratégias de campanha dos presidenciáveis miram as regiões com mais condições para a “evolutividade”.
“Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais existe uma grande evolutividade, ou seja, uma grande possibilidade de eles conquistarem mais votos. Uma grande possibilidade deles conseguirem mudar o desempenho tanto para um lado quanto para outro”, explica o professor de Relações Institucionais e Políticas Públicas do Ibmec.
Galvão também ressalta a importância de Minas Gerais para o contexto eleitoral do país. “A eleição no país está muito dividida. Lula ganhou em 14 estados e Bolsonaro em 13. Então, veja que está muito empatado e muito dividida a preferência do eleitorado. E é importante a gente ver que esses três estados – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – concentram 42% dos eleitores”, disse.
“Outro fator importante é que desde a redemocratização todos os presidentes que foram eleitos ganharam em Minas Gerais. É um estado, sim, bastante importante”, completou.
Já o cientista político André Rosa reitera a relevância das votações em Minas Gerais para a definição das eleições presidenciais. “Minas Gerais é um estado muito estratégico. Se você olhar isoladamente, as eleições nacionais e em Minas Gerais, os números costumam ser muito semelhantes. Tradicionalmente, quem vence em Minas, vence as eleições. E eu vejo, hoje, os cenários muito mais consolidados em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Nordeste, por exemplo”.
Rosa acredita que os presidenciáveis buscarão, no principal colégio eleitoral do país, o voto feminino. “O voto que fará a diferença é o voto das mulheres mineiras, sobretudo. É o principal voto que Bolsonaro quer conquistar, e é o voto que Lula não pode e não quer perder.”
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