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Caixa bilionário, tropa de PMs e 23 mil cargos: o que está em jogo em SP

A eleição para governador de São Paulo já tem lugar reservado na história por acabar com uma hegemonia de 28 anos do PSDB no comando do estado. No próximo dia 30 de outubro, mais de 34 milhões de eleitores irão decidir quem herdará dos tucanos a poderosa máquina paulista: o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Candidato lançado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio desponta como favorito após ter vencido o primeiro turno com 7 pontos de vantagem sobre Haddad — 42,3% a 35,7% — e conseguido atrair o maior número de aliados para o segundo turno, incluindo o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado na disputa. Quem vencer nas urnas assumirá o controle do maior e mais rico estado do país, dono do 21º PIB mundial.

Não à toa que quem chega ao Palácio dos Bandeirantes se torna automaticamente um presidenciável. Foi assim com os últimos três governadores tucanos — João Doria, Geraldo Alckmin e José Serra. Alckmin e Serra concorreram em três ocasiões como ex-governadores — 2006, 2010 e 2018 –, mas nunca venceram. Doria desistiu de disputar a corrida ao Planalto neste ano por falta de apoio político.

Tanto bolsonaristas quanto petistas já enxergam Tarcísio e Haddad como virtuais candidatos à Presidência da República em 2026, em caso de vitória no dia 30 de outubro. Isso porque Bolsonaro, caso seja reeleito, não poderá mais concorrer ao cargo, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu não disputar a reeleição se voltar ao Palácio do Planalto nesta eleição.

A seguir, o Metrópoles lista o que está em jogo na disputa pelo governo de São Paulo.

Orçamento Quem assumir a cadeira de governador do estado em janeiro de 2023 terá controle sobre um orçamento de R$ 317 bilhões, segundo a proposta enviada neste mês por Rodrigo Garcia à Assembleia Legislativa de São Paulo. Desse montante, R$ 24 bilhões estão previstos em investimentos, ou seja, recursos não carimbados que podem ser aplicados conforme a prioridade do chefe do Executivo local.

A verba é cinco vezes maior do que a quantia estimada pelo governo federal, para o próximo ano, em investimentos do Ministério da Infraestrutura, pasta que era comandada por Tarcísio, e 15 vezes superior ao montante que será destinado ao Ministério da Educação, órgão chefiado por Haddad no governo Lula. Só para Secretaria de Segurança Pública, principal ponto de embate entre o candidato bolsonarista e o petista na campanha, o orçamento paulista prevê mais de R$ 1 bilhão.

Polícia Militar Tarcísio e Haddad têm divergido, principalmente, sobre a atuação da Polícia Militar, alvo de críticas de setores da esquerda por causa de episódios de violência e abusos de autoridade com moradores negros e pobres da periferia. O candidato do Republicanos promete rever a política de instalação de câmeras nas fardas dos PMs para reduzir a letalidade policial, medida defendida pelo postulante do PT.

O fato é que quem assumir o governo do estado terá sob seu comando um “exército” de 81,5 mil policiais militares da ativa, a maior PM do país. Os integrantes da corporação são majoritariamente apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Por isso, partidos de esquerda temem escalada da violência policial em caso de vitória de Tarcísio. Já os bolsonaristas afirmam que uma gestão petista tornaria mais frouxo o combate à criminalidade. O efetivo paulista conta ainda com 23,1 mil policiais civis e 3,4 mil servidores da Polícia Científica, totalizando 108 mil policiais.

Cargos Para atender a uma população de 45 milhões de habitantes, equivalente à da Argentina, o governo paulista conta com 26 secretarias, 17 empresas e autarquias, 15 fundações e 6 agências, entre outras repartições públicas menores. E essa poderosa máquina estatal reserva nada menos do que 23.408 cargos comissionados, ou seja, de livre nomeação, sem concurso público.

Atualmente, segundo dados do governo, 13,4 mil desses cargos estão ocupados. São essas vagas que os governadores costumam usar como moeda de troca com deputados e dirigentes partidários para obter apoio político na Assembleia Legislativa e conseguir maioria para aprovar seus projetos ou impedir a instalação de Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs) incômodas ao governo e até mesmo a abertura de um processo de impeachment.

A coligação de Tarcísio é formada por seis partidos, que elegeram 33 deputados estaduais no primeiro turno. O maior deles é o PL, de Bolsonaro, que conquistou 19 cadeiras. Agora, o candidato do Republicanos obteve apoio de mais cinco legendas, entre elas o PSDB, o MDB e o União Brasil. Já Haddad conta com sete siglas na sua coligação, e costurou o apoio de mais duas para o segundo turno. Ambos repudiam publicamente o aparelhamento político do estado, mas os dois lados dizem que São Paulo pode virar “cabide de emprego” do grupo que ganhar a eleição estadual, mas perder a disputa presidencial.

Universidades Outro tema de conflito entre bolsonaristas e petistas envolve a gestão das universidades públicas. O estado de São Paulo possui três das cinco melhores universidades brasileiras, a principal delas é a USP, a maior do país no ensino público. A base mais ideológica que apoia Tarcísio afirma que as universidades promovem “doutrinação de esquerda” e defendem modelo que chamam de “escola sem partido”. Já Haddad e seus apoiadores pontuam que o candidato bolsonarista vai cortar recursos das universidades, como fez o governo Bolsonaro, e acabar com a autonomia das instituições.

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