O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o povo brasileiro “não pode votar” em um candidato que defende o ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, acusado de assédio contra funcionárias.
A fala do petista, em entrevista à rádio Mix FM de Manaus (AM) nesta quarta-feira (26/10), faz referência à declaração de Jair Bolsonaro (PL), em entrevista ao Metrópoles, na qual o mandatário diz não ter visto “nada contundente” nas denúncias sobre o caso.
“Você não pode votar em um presidente que defende um presidente da Caixa que faz (sic) assédio contra as funcionárias, e o presidente diz que não tem nenhuma coisa grave. O povo não pode votar em um presidente que vai na casa de meninas de 14 anos da venezuela e diz que ‘pintou um clima’”, afirmou.
Guimarães é acusado por um grupo de funcionárias da estatal de assédio sexual (leia mais abaixo). O caso foi revelado pela coluna do jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
O ex-presidente fez referência ao episódio no fim da sabatina, em discurso sobre as expectativas para o segundo turno das eleições de 2022, marcado para o próximo domingo (30/10). Ele também citou suposto descaso com a pandemia, e o episódio de falta de abastecimento de oxigênio em hospitais do estado.
“O povo de Manaus não pode votar em um presidente que negou oxigênio ao povo do Amazonas, que zombou das pessoas que estavam morrendo”, afirmou.
O sistema de saúde do Amazonas viveu uma situação de colapso em janeiro de 2021, com o recrudescimento dos casos de infectados pelo novo coronavírus e a alta de mortes em decorrência da doença. Depois que as internações por Covid-19 bateram recorde na unidade federativa, os hospitais, sobrecarregados, ficaram sem oxigênio para pacientes.
“Nada contundente” contra Pedro Guimarães O presidente Bolsonaro disse na segunda-feira (24/10) que não viu “nada contundente” nos depoimentos sobre assédio contra Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal.
Em entrevista ao Metrópoles, o candidato à reeleição foi questionado se acredita que as acusações são verdadeiras. “Não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher… Vi depoimentos de mulheres que sugeriram que isso [assédio] poderia ter acontecido. Está sendo investigado”, afirmou.
Um dia após o caso ser revelado, Bolsonaro trocou o comando da Caixa. No lugar de Pedro Guimarães, o presidente nomeou Daniella Marques para o comando do banco público.
Denúncias Em junho deste ano, um grupo de funcionárias decidiu romper o silêncio e denunciar as situações pelas quais passaram. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
Cinco concordaram em dar entrevistas para o colunista Rodrigo Rangel, desde que suas identidades fossem preservadas. Elas disseram que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães em diferentes ocasiões, sempre durante compromissos de trabalho.
As mulheres relataram toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites heterodoxos, incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o então presidente do maior banco público brasileiro e as funcionárias sob seu comando.
A iniciativa dessas mulheres levou à abertura de uma investigação, que está em andamento, sob sigilo, no Ministério Público Federal.