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Deputado critica nomes escolhidos por Lula: ‘Será um governo mais à esquerda’ do que os outros

O deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG) concedeu entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta sexta-feira, 23, para falar sobre a promulgação da PEC Fura-teto, aprovada no Congresso Nacional sob demanda da equipe de transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta permite o gasto de até R$ 168 bilhões para reestruturação de áreas como saúde e educação, o aumento real do salário mínimo, além da manutenção do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) em R$ 600. Segundo Mitraud, Lula está demonstrando, com a aprovação da PEC e suas indicações para os ministérios, que fará um governo ainda mais à esquerda que seus outros dois anteriores, e não de frente ampla, como prometeu na campanha. “Acho que o PT, desde que se elegeu, tem falhado em emitir esses sinais [de nova âncora fiscal]. Essa foi a eleição mais apertada da história do país, o PT se elegeu com um discurso de frente ampla, de que não seria um governo típico de esquerda do PT, seria um governo que abarcou, ao longo da campanha, economistas de diferentes matizes ideológicas, de diferentes correntes econômicas, partidos que criticaram o PT durante muito tempo. Agora, desde a eleição para cá, tá sendo um governo que, pelo que a gente tem visto até pela indicação dos ministros de ontem, ainda mais de esquerda do que os primeiros governo Lula”, opinou.

“A escolha de Haddad para a Economia, um petista raiz, é uma escolha ruim para quem deveria mandar uma mensagem para o mercado e para a população de que não vai ser um governo de economia tradicional da esquerda. A escolha da equipe de Haddad até agora, de Mercadante para o BNDES, a equipe anunciada deixa a gente muito mais apreensivo, na verdade (…) Não adianta o Haddad dizer que vai apresentar uma nova âncora fiscal quando todos os seus secretários anunciados até agora são desenvolvimentistas, que acreditam que o Estado pode imprimir dinheiro indefinidamente e que isso não vai trazer consequências para a economia”, completou em crítica ao novo futuro ministro da Fazenda.

Especificamente sobre a PEC da Transição, Mitraud avaliou que o texto foi melhorado na Câmara, mas que, ainda assim, representa retrocesso financeiro. “É claro que o projeto final reduzir um pouquinho o tamanho do rombo e reduzir de dois anos para um ano é melhor do que o inicial, mas ainda assim é muito ruim. O regime fiscal que praticamente acabou com essa PEC, que é o teto de gastos, foi implementado para forçar os políticos a fazerem escolhas. Uma vez que você não pode aumentar as suas despesas acima da inflação, para investir mais em determinados programas, você tem que cortar em outros lugares. E o que a gente viu com a aprovação dessa PEC, não só com ela, mas com a PEC dos Precatórios também no ano passado, como a PEC Kamikaze no meio deste ano, é que os nossos políticos não sabem ou não querem fazer escolhas. Existem inúmeros lugares no orçamento da união para cortar gastos, para que se possa transferir esses recursos para despesas consideradas prioritárias. Essa é a lógica do teto de gastos que os nossos políticos nos últimos cinco anos se recusaram a fazer. O caminho mais fácil é o feito por Bolsonaro com a Kamikaze e os Precatórios e que é feito agora pelo Lula, é furar o teto de gastos, gastar mais do que arrecada e se recusar a fazer as reformas que o Brasil precisa. Essa foi a razão de termos votado contra essa PEC, assim como já tínhamos votado contra as PEC fura-teto do governo Bolsonaro”, disse.

Para o deputado, a aprovação da proposta do governo de transição demonstra que os partidos do Centrão deverão se tornar aliados de Lula a partir de 2023. “Não nos surpreendeu que muitos partidos da base do governo Bolsonaro tenham sido favoráveis a essa PEC, porque já mostra que essa base do Bolsonaro vai migrar para o Lula, como migrou antes do Temer e antes da Dilma, do Lula, do FHC. Esses partidos do chamado Centrão estão sempre migrando de um governo para o outro. É uma ilusão, infelizmente, achar que nós vamos ter no Centrão, partidos ideológicos, que defendem teses e propostas de país. Eles vão, na verdade, defender o governo de plantão e adaptar o seu discurso para que isso seja feito”, concluiu.

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