O Salão Nobre da Reitoria da Ufba, no bairro do Canela, em Salvador, se encheu às 10h desta sexta-feira (13) para o ato de repúdio à invasão das sedes dos três poderes no último dia 8 de janeiro, em Brasília. Um evento promovido pela OAB e a Faculdade de Direito da Ufba, mas contou com a presença de representantes da OAB, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Defensoria Pública, entre outros órgãos.
Apesar de se tratar de um ato conjunto de repúdio ao que houve, a reunião também foi de mobilização e pôs na mesa articulações para combate aos ataques à democracia. Norma Cavalcanti, procuradora-geral de Justiça da Bahia, anunciou uma das estratégias para dar respostas a quem é responsável pelas ações fascistas em Brasília e na Bahia.
“Ontem foi aberto um inquérito para investigar financiadores e colaboradores de forma direta e indireta”, disse Norma, que também é presidente do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG). Uma investigação que será direcionada para todo o território baiana.
Daniela Borges, presidente da OAB na Bahia, explicou como a reunião tem a intenção de propor ações que, mais do que repudiar, construam uma ‘grande rede’ de resistência a qualquer tentativa de atentado à democracia a nível nacional e estadual.
“A gente já está atuando para identificar pessoas que participaram em relação a apoio ou financiamento aos atos golpista. É o papel que nos cabe porque a OAB tem uma atuação na sociedade civil e estamos fazendo”, afirmou.
A presidente fez questão ainda de ressaltar a necessidade de luta e organização por reconhecer que a democracia está sujeita a momentos de retrocesso, o que não deve ser permitido.
“A história da humanidade é uma história de avanços e retrocessos. E cabe a nós definir do que se trata o nosso tempo. Pelo que vi hoje aqui nessa reunião, nosso tempo será de avanço e resistência”, completa.
Um viva à democracia
Outros presentes endossaram o discurso de Daniela e fizeram questão de enaltecer a democracia enquanto único caminho de respeito às instituições e ao povo. Paulo Miguez, reitor da Ufba, foi um dos que fizeram declarações nesse sentido.
“Com orgulho imenso que a Ufba realiza um ato de repúdio à agressão fascista aos três poderes. Este evento é para, mais uma vez, a sociedade baiana se manifestar fortemente em defesa da democracia”, falou.
Diretor da Faculdade de Direito da Ufba, Jullio Rocha, admitiu ter sido tomado de um receio quando viu o que aconteceu em Brasília. Porém, salientou a importância de reagir de maneira correta a esse tipo de sentimento.
“É do medo que nasce a luta. Temos que ter a capacidade de reconhecer que temos medo, mas também ter a capacidade de organizar luta”, afirmou Julio Rocha.
Representando o governador Jerônimo Rodrigues, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas declarou que é só na democracia que se pode atender e incluir a todos.
“Chegar aqui nesse palco de tantas lutas e encontrar pessoas tão centradas na defesa da democracia, é uma alegria. […] Só na democracia que a gente produz as mudanças que faz a sociedade incluir todas as pessoas”, completou.
Estiveram presentes também na ocasião o defensor público estadual Rafson Ximenes, o desembargador do TJ-BA Lidivaldo Britto e Luiza Lomba, desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho.