Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, a deputada federal comentou a queda de braço entre o presidente da República e o Banco Central
Billy Boss/Câmara dos Deputados
Adriana Ventura, deputada federal pelo Partido Novo
Nas últimas semanas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem criticado o Banco Central (BC) na busca por uma solução rápida para baixar as taxas de juros. O petista acredita que a atual política monetária e a independência do BC seriam barreiras para esta redução. Já a oposição tem reagido contra as declarações do presidente. Para falar sobre a repercussão deste tema no Congresso Nacional, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou a deputada federal Adriana Ventura (Novo), que aposta que os ataques do presidente da República ao BC não devem ficar só no discurso e podem chegar a afetar o presidente do banco, Roberto Campos Neto: “A gente precisa lembrar que a decisão é do presidente e essa escolha é chancelada pelo Senado Federal. O que acontece? A tentativa vai existir, até porque faz parte dessa narrativa mentirosa continuar jogando a culpa nos outros e criando cortina de fumaça. Essa ofensiva vai existir, não acho que vá ter sucesso”.
“Vamos lembrar que a autonomia do Banco Central foi aprovada em ampla maioria no Congresso. Então ela tem que persistir para que o país minimamente consiga evitar a inflação e outras coisas, porque se não fica muito complicado a gente levar isso a frente. Aliás estamos falando do Campos Neto, que é uma pessoa extremamente preparada, super técnica, que está levando o país em um rumo, mantendo a inflação ainda em um nível aceitável. Ter uma mega inflação aqui é a última coisa que a gente esperava, mas como responsabilidade fiscal e nenhum tipo de responsabilidade fazem parte do PT e da política do PT, isso nos deixa muito preocupados, mas estaremos lá para brigar”, apontou a deputada.
A parlamentar chamou os recentes ataques de Lula ao BC e á manutenção da taxa Selic em 13,75% de “narrativa criminosa e canalha do PT”: “A razão da taxa de juros estar alta é a enorme irresponsabilidade fiscal, é o gasto público e a dívida pública completamente descontrolados. É lógico que você tem que elevar o juros para segurar um pouco a inflação, se não vai ficar que nem a Argentina e a Venezuela, com essa mega inflação. O Banco Central, naturalmente, está segurando. É muito cômodo criticar o Banco Central, que a inflação ficou acima da meta, mas ninguém olha o que eles fizeram lá atrás com aquela PEC da gastança vergonhosa R$ 170 bilhões e um bando de pouca vergonha. Essas inúmeras atitudes, seja se aumento de ministérios, nenhuma ação foi em direção à responsabilidade fiscal. Então, é fácil criticar. Faz parte da narrativa para depois colocar a culpa neles, mas ninguém olha para o próprio umbigo”
“Ninguém quer atacar a causa, todo mundo quer atacar a consequência. Por que isso está acontecendo? A gente já falou. A gente sabe que é tarefa do Executivo reduzir gastos, não gastar mais do que arrecada e a gente vê uma lambança. Povo acha que dinheiro dá em árvore, os economistas realmente estão com o cabelo em pé e eu não sou economista. Mas o que a gente vê, dia após dia, declaração após declaração, que é uma completa desconexão da realidade e uma completa irresponsabilidade com o país, principalmente com o mais pobre, que vai pagar essa conta. Precisa corrigir essa política fiscal, mas não dá pra corrigir política fiscal no meio de tanta irresponsabilidade e tanta narrativa mentirosa”, argumentou.
Para a deputada Adriana Ventura, o papel do Partido Novo é estabelecer oposição “clara e cristalina” e deu detalhes da atuação da legenda no Congresso Nacional: “A gente vai fazer uma oposição responsável, mas como realmente o Partido Novo e o Partido dos Trabalhadores pensam diferente em absolutamente quase tudo, nosso papel vai ser de fiscalização. Já mandamos inúmeros requerimentos de informação, ofícios e questionamentos sobre vários assuntos desde que começou o ano. A cada medida provisória nós temos inúmera emendas. O que a gente não pode fazer é permitir que o retrocesso vá a passos largos. O que a gente está vendo no Congresso é que muitos partidos que se dizem oposição são ‘chapinha branca’. Tem uma porção de deputados que estão já sendo cooptados para a base e ficam nesse lenga lenga, nesse me engana que eu gosto”.
“Nós realmente estamos brigando e pleiteando cargos nas comissões mais importantes. Na nossa visão, CCJ, a Comissão de Educação, a Comissão de Saúde, que tomou uma relevância enorme pelo volume de recursos e importância, e também a Comissão de Fiscalização e Controle. CCJ e Fiscalização e Controle justamente são as duas comissões que o PT quer muito estar, por razões óbvias. Querem controlar tudo o que passa, bloquear e ver o que coloca em pauta. E em Fiscalização e Controle é aquela comissão que indica fiscalizações para o TCU realizar e outras coisas mais. Nós estaremos nessas comissões. Se não tivermos um lugar cativo, pelo menos voz ali e acompanhamento das comissões com certeza faremos”, explicou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.