Uma das novidades na convocação da Seleção Brasileira feita pelo técnico interino Ramon Menezes nesta sexta-feita (3), o volante André, de 23 anos, é também uma das promessas do Brasil para o futuro. Hoje no Fluminense, o baiano de Algodão, distrito de Ibirataia, no sul do estado, deu os primeiros passos no futebol com a camisa de outro tricolor: o Bahia.
André defendeu as categorias de base do Esquadrão durante dois anos, em 2011 e 2012. Ele foi levado ao clube pelo ídolo Beijoca e na época atuava como centroavante. Ao CORREIO, o ex-jogador contou como descobriu o atleta.
“Eu fui fazer uma peneira na cidade de Gandu e naquela oportunidade André apareceu. Ele é do povoado de Algodão. Assim que começou a peneira ele pegou na bola umas duas vezes e eu tirei ele. Vi que ele ia tirar espaço de outro, pois já estava aprovado. Trouxe ele para o Bahia, foi um sucesso total. Na sequência a mãe dele veio também. Ele é de uma família muito humilde. O que o Bahia pôde fazer, fez, mas de repente ele foi para o Fluminense e eu não o encontrei mais. A família dele optou por ir. Mas eu fico feliz por ter participado da história do André, um jogador fantástico que merece tudo que está vivendo”, relatou Beijoca.
O jogador fez parte de uma geração que rendeu bons frutos para o futebol, mas que não foi aproveitada pelo Bahia. Além dele, o volante Danilo – vendido em janeiro pelo Palmeiras ao Nottingham Forest, da Inglaterra, por R$ 111 milhões, e o atacante Biel, faziam parte do time.
Curiosamente, Biel foi comprado pelo Bahia nesta temporada por cerca de R$ 10 milhões após passar por Fluminense e Grêmio. O caminho de André foi parecido ao do atacante. Em 2013, quando tinha apenas 11 anos, ele recebeu um convite do Fluminense e partiu rumo ao Rio de Janeiro. Na idade em questão, um garoto ainda não pode assinar contrato profissional com o clube, o que só é permitido pela legislação brasileira aos 16 anos. Por isso, a saída pode acontecer alheia ao interesse da agremiação.
Foi no clube carioca que ele passou a jogar de volante e ganhou o destaque que o levou para a Seleção Brasileira hoje, na primeira convocação do ano. Para Beijoca, apesar do sucesso nessa posição, André tem qualidade técnica para jogar em qualquer outra.
“Eu digo que o cara que joga, joga em qualquer lugar. André é talentoso para jogar também de atacante. Mas isso muda muito, ele vai para outros clubes, os treinadores procuram encaixar, adaptar. Ele foi adaptado como volante e pelo talento, a qualidade técnica apurada, se destacou. Onde você colocar ele vai jogar. A parte técnica dele prevalece e dá condições para que jogue em qualquer lugar”, elogia Beijoca.
Em entrevista recente, o próprio André contou que teve dificuldade para se manter no ataque quando chegou ao Fluminense. “No começo foi difícil a adaptação, é muita diferença para a base. Em 2021 continuei no profissional, mas com um ponto de interrogação. Teve troca de comissão e tal, passando os meses acabei recebendo a notícia que não ia ser utilizado, então ia voltar para o sub-23. Mas nunca procurei queimar processos nem passar por cima de ninguém, continuei trabalhando, focado e, quando menos esperei, a oportunidade chegou”, disse André durante entrevista ao canal Fifatilo.
A estreia dele com a camisa da Seleção Brasileira pode acontecer no dia 25, quando o Brasil enfrentará o Marrocos em amistoso na cidade de Tânger, na casa do adversário. Será o primeiro compromisso da Seleção desde a eliminação para a Croácia na Copa do Mundo de 2022.