Pequim– O cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China pegou de surpresa muitos dos integrantes da missão empresarial que iriam acompanhá-lo na visita ao país asiático, a partir deste fim de semana.
Vários dos empresários, incluindo donos e altos executivos de gigantes brasileiras de diversos setores, já estavam em Pequim ou a caminho da capital chinesa.
Alguns hotéis de luxo na região onde o presidente ficaria já não tinham mais vagas — os apartamentos foram todos reservados para integrantes da missão brasileira, que contabilizava mais de 200 empresários.
Mais cedo, no desembarque em Pequim, um grupo de executivos do agronegócio se mostrava esperançoso de que viagem não seria cancelada.
Assim como informou publicamente, o governo brasileiro havia sinalizado aos integrantes da missão que Lula viajaria, sim, à China, a despeito da necessidade de adiamento do embarque para este domingo em razão do diagnóstico de pneumonia.
Um dos vários empresários que chegaram já nesta sexta-feira (24/3) em Pequim é Marcos Molina, fundador do frigorífico Marfrig que, depois, assumiu o comando da BRF, uma das maiores companhias brasileiros do agro.
PreparativosAuxiliares do Planalto também se mostravam confiantes de que Lula embarcaria. Uma pessoa próxima ao presidente disse ao Metrópoles, horas antes do anúncio do cancelamento da viagem, que Lula parecia bem de saúde e que tudo indicava não haver problemas para o embarque na manhã de domingo.
Uma equipe do governo brasileiro, com funcionários do Itamaraty e da Presidência, também já havia chegado na capital chinesa para cuidar dos preparativos da visita. Outro grupo de assessores havia sido enviado para Xangai, onde o presidente participaria de um encontro empresarial, na segunda e última etapa da viagem.
O cancelamento da visita de Lula à China foi anunciado na manhã deste sábado (noite de sexta em Pequim) pelo governo brasileiro. Havia grande expectativa em torno da viagem — a maior expedição internacional do presidente desde que ele assumiu seu terceiro mandato, em janeiro.
Pelo menos 20 acordos bilaterais seriam assinados e havia tratativas em curso para o anúncio de investimentos bilionários de fundos chineses no Brasil.
No próximo dia 28, Lula se encontraria com o presidente chinês, Xi Jinping, e um dos temas da pauta seria a guerra na Ucrânia. Lula tem dito que o Brasil deseja participar de esforços para a construção de um acordo de paz.
No comunicado em que anunciou o cancelamento da viagem, o governo brasileiro afirmou que a decisão, tomada em razão de orientação médica, já foi comunicada às autoridades chinesas. Disse ainda que Lula pretende remarcar a visita.