InícioEditorialSalário pago na Bahia é o terceiro mais baixo do país

Salário pago na Bahia é o terceiro mais baixo do país

Em linha com a média nacional, entre 2021 e 2022, o rendimento médio dos baianos aumentou, e a desigualdade registrada foi a menor em dez anos. Mas os números apresentados ontem pelo IBGE, se olhados cuidadosamente, não dão margem a comemorações. É que, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) no espaço de uma década, a renda média total da Bahia caiu 3,8%, passando da 6ª para a 3ª pior do país, acima apenas de Maranhão e Alagoas. 
A diferença entre o rendimento médio e a renda média, explica o IBGE, é o que está englobado por cada termo: enquanto o primeiro conta todas as fontes de renda, como aposentadorias, aluguéis e auxílios governamentais, já a renda média mensal é o salário, ou seja, a soma dos valores recebidos todo mês pelo trabalho exercido formalmente, após a redução dos descontos.
Na Bahia, em 2022, o salário médio foi de R$ 1.622, o mais baixo entre os estados e o menor desde 2012. Em 2021, o rendimento médio total no estado foi de R$ 1.753. O salário médio nacional no ano passado foi de R$ 2.659. 
Já o rendimento médio ficou em R$ 824, 48,5% acima do ano anterior e o mais elevado em dez anos graças aos programas de transferências de renda como o Auxilio Brasil. No ano passado, de acordo com o Ministério da Cidadania, o número de beneficiários do então Auxílio Brasil era maior do que o número de trabalhadores com carteira assinada no estado
Na prática, os números revelam  que é preciso trabalhar mais e buscar renda extra para no mínimo manter o padrão de vida. Dirlene Rocha é corretora de imóveis há 12 anos. Sentindo no bolso o impacto que a pandemia teve no seu poder de compra, precisou mudar a forma de trabalhar para contornar as dificuldades e conseguir aumentar a renda. “Hoje em dia, faço parcerias com outros corretores com mais frequência, facilito no pagamento da comissão para o cliente conseguir fechar o contrato, vou ajustando uma coisa aqui e outra ali para poder driblar as dificuldades”, conta.

Informalidade
 Para Mariana Viveiros, Coordenadora de Divulgação do Censo 2022, as principais causas para essa queda da renda são a inflação e a reconfiguração do mercado de trabalho no pós-pandemia.
“Nós temos postos que pagam menos, uma informalidade muito alta – e a gente sabe que a informalidade está muito ligada a baixos pagamentos, baixos rendimentos, baixos salários –  e empregados sem carteira assinada, por exemplo. E também um efeito claro da inflação, porque ela também desvaloriza esse rendimento perante os rendimentos do passado, quando a gente tinha uma inflação mais controlada”, diz a pesquisadora.

O Índice de Gini, que mede a desigualdade e vai de 0 a 1 (quanto mais próximo do 1, mais desigual), caiu em 2022 pelo segundo ano consecutivo, de 0,499 para 0,486. Isso aconteceu porque, ainda que o salário médio tenha diminuído em todas as classes sociais, a queda teve maior intensidade entre aqueles que ganhavam mais. De acordo com o IBGE, as maiores quedas chegaram a 7,5% entre os 10% de trabalhadores com maiores rendimentos e a 15,9% para o 1% com maiores salários. As desigualdades salariais por raça e gênero também diminuíram entre 2021 e 2022.
O aumento do valor conferido pelo então Auxílio Brasil e atual Bolsa Família em 2022 evitou que o rendimento mensal dos baianos sofresse com a instabilidade do mercado e com o desemprego em alta.
 “[Os auxílios] foram muito importantes no ano de 2022, e foram eles que efetivamente seguraram o rendimento total do estado. Se não fosse por eles, a gente certamente teria tido uma queda, por conta do desempenho da renda do trabalho, que é uma renda muito importante. Mas aqui na Bahia, e no Nordeste de uma forma geral, a gente sabe que a renda desses outros rendimentos, que têm peso na nossa pesquisa, é muito importante, e ela foi essencial no ano passado para as famílias que precisam desse auxílio”, afirma Mariana.
Hoje, o valor oferecido pelo programa é alterado conforme a organização da família, com piso de R$ 600, benefício de primeira infância no valor de R$ 150 por criança até seis anos, e benefício variável familiar para gestantes, crianças e adolescentes com idade entre sete e 17 anos, no valor de R$ 50. Além disso, o índice de desemprego caiu para 8,8% nos três primeiros meses do ano, menor índice para o primeiro trimestre desde 2015. Esses números significam uma promessa de estabilidade nos índices de renda média total e do rendimento médio total para este ano.
 

*Orientada pela subeditora Fernanda Varela.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Últimas notícias

Prefeitos de 10 capitais lideram ou empatam em 1º lugar nas pesquisas

Levantamento do Poder360 considerou os estudos mais recentes disponíveis em 20 capitais; PL, de...

COP30: Brasil quer que reunião de chefes de Estado ocorra no início

Ricardo Stuckert/PR 1 de 1 O presidente Lula e o governador do Pará, Helder...

Sobe para 126 o número de mortos em decorrência das chuvas no Rio Grande do Sul

O número de mortos pelas enchentes causadas pelas incessantes chuvas no Rio Grande do...

Molécula produzida no intestino pode ter efeito protetor contra gripe

Pesquisadores observaram que camundongos infectados que receberam suplementação tiveram concentração de vírus e inflamação...

Mais para você