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Exclusivo: vídeo mostra coronel da PMDF detido por omissão prendendo bolsonarista em 8/1

Um vídeo produzido pelo fotojornalista do Metrópoles Hugo Barreto em 8 de janeiro, dia dos atentados às sedes dos Três Poderes em Brasília, mostra o então comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Jorge Eduardo Naime, prendendo um bolsonarista na plataforma superior do Congresso, onde ficam as cúpulas da Câmara e do Senado.

O oficial foi detido na 5ª fase da Operação Lesa Pátria, em 7 de fevereiro, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusado de omissão no dia dos ataques. Ele é o único integrante da cúpula da Segurança Pública do DF que segue atrás das grades, mesmo após pedidos de habeas corpus de sua defesa.

Veja o momento em que Naime executa a prisão:

O vídeo foi feito no momento em que a PMDF começou a dispersar os vândalos, no fim da tarde (assista acima). Homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de farda camuflada e azul, começam a avançar, disparando balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

A maioria dispersa, mas um manifestante de boné e camisa amarela chuta uma granada de gás na direção dos PMs. Naime surge pela esquerda do vídeo, correndo, agarra o homem pelo pescoço e, com ajuda de outros policiais, executa a prisão.

Naime 1

O então comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Jorge Eduardo Naime, corre na direção de manifestanteHugo Barreto/Metrópoles

Naime 2

Naime agarra homem pelo pescoçoHugo Barreto/Metrópoles

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Com ajuda de outros PMs, coronel derruba manifestanteHugo Barreto/Metrópoles

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Manifestante é contidoHugo Barreto/Metrópoles

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Coronel prende o manifestante no 8/1Hugo Barreto/Metrópoles

Pessoas ligadas a Naime viram as imagens e confirmaram que o policial que aparece no vídeo é o coronel. Segundo elas, o oficial participou da prisão de dezenas  de vândalos. O vídeo inédito foi encontrado nesta sexta-feira (19/5), após a equipe de fotografia revisar dezenas de horas de material produzido no dia 8 de janeiro.

Após assistirem ao vídeo, os advogados de Naime se manifestaram por meio de nota. Leia, abaixo, na íntegra:

“O vídeo publicado na reportagem do Metrópoles evidencia que o Cel. Jorge Eduardo Naime Barreto não foi, de qualquer forma, conivente e nem omisso na sua atuação no dia 08 de janeiro, tendo sido demonstrado que: (i) realizou centenas de apreensões de terroristas/vândalos; (ii) comandou de forma precisa e efetiva a atuação da tropa e (iii) agiu para recuperar os prédios públicos, evitando que maiores danos fossem causados. Além disso, as imagens mencionadas corroboram todas as afirmações prestadas pelo coronel, nos mais diversos âmbitos de investigações, sobre como agiu naquele dia. Nas imagens divulgadas, fica claro que o coronel Naime efetuou a prisão de um vândalo que havia atirado uma bomba na direção dos policiais que, sob o seu comando, atuavam para retomar o controle da situação. Agindo de forma diligente e com a técnica necessária, o coronel Naime não foi (sob qualquer ótica) conivente, tendo enfrentado os vândalos com o fim de evitar desastre maior, momento em que chegou a ser ferido por um rojão disparado em sua direção. A partir das ações de comando empreendidas pelo coronel Naime, que chegou ao teatro de operações após as invasões, pois estava de dispensa recompensa, o efetivo policial conseguiu impedir a fuga dos invasores, realizando e auxiliando centenas de prisões. Por derradeiro, o vídeo divulgado hoje reforça a virtude e disciplina do coronel Naime, pois explicita toda a sua garra, demonstrando que as suas atitudes foram fundamentais para o controle da situação vivenciada naquele dia. Portanto, ressalta-se: é inverídica qualquer afirmação no sentido de que ele tenha retardado a resposta da corporação ou deixado de efetuar as prisões dos vândalos. Ao contrário, o vídeo publicado mostra que Naime, com a bravura e correção que sempre guiaram sua atuação em mais de trinta anos de Polícia Militar, tomou todas as atitudes possíveis e conteve efetivamente os danos às instituições públicas”.

Manutenção de prisãoA Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pela manutenção da prisão preventiva de Naime na quarta-feira (17/5). De acordo com Carlos Frederico Santos, subprocurador-geral da República, a defesa alegou, entre outros pontos, o excesso de prazo da detenção. No entanto, a avaliação dele é de que “não houve nenhuma modificação da situação de fato ou de direito desde a determinação da prisão”.

O documento encaminhado ao STF pontua que há indícios – ainda em fase de coleta e análise – da prática de crimes por omissão de autoridades que deveriam ter agido para impedir a invasão e a depredação de prédios públicos.

Naime pediu folga quando era comandante de Operações da PMDF e foi dispensado do trabalho em 3 de janeiro, seis dias antes das invasões. Segundo sua defesa, ele foi chamado às pressas em 8 de janeiro quando a situação saiu do controle.

Dois dias depois, o coronel e outros 12 servidores da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) perderam o cargo na pasta por ordem do então interventor federal da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

Coronel foi à CPINaime prestou depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do DF (CLDF), em 16 de março.

O coronel foi questionado sobre as ações da PM para coibir o ato no QG, que acabou sendo o germe da invasão de prédios públicos e da tentativa de tomada do Poder.

Segundo Naime, os manifestantes só consumiam as informações que eram geradas e divulgadas dentro do QG, entre bolsonaristas. “Estavam na bolha deles”, comentou.

Já sobre o efetivo aplicado no dia de 8 de janeiro, ele afirmou ter estranhado o pequeno número.

“Não participei do planejamento, não estive próximo. Me causa estranheza ter usado somente alunos [da PMDF], isso foge do que é o nosso padrão. Usar alunos é normal, mas sempre acompanhados. Somente os alunos, isso nunca aconteceu. Tem que investigar se isso aconteceu”, avaliou.

Ele acrescentou que considerou “impressionante” a facilidade com que os golpistas entraram nos prédios. “Eu nunca vi aquilo acontecer. Temos imagens do comandante do choque levando chave de estrela do comandante do Exército que queria liberar todo mundo. Se tivesse tido resistência mínima, se todo mundo sabia e estava ciente, por que só havia 16 policiais no Congresso, de 500? Se todo mundo sabia, por que não estava guarnecido? Precisa de autorização do governador para que a Força Nacional atue, mas STF, Congresso são prédios federais, com polícia própria.”

Exército x PMDFEm outro relato sobre as tentativas de conter o ato golpista, Naime citou suposta interferência do Exército. O coronel relatou um episódio em que chegou a ser retirado do Setor Militar.

“Fui acessar a área onde toda a população estava acessando, fardado, com patrulheiro do lado, mas fui abordado por um soldado que botou a mão no meu peito, me proibiu de entrar, chamou o GSI, a comando do capitão Roma. A população veio correndo, veio um sargento me apontando o dedo na cara, me mandando sair, a população começou a me xingar e fui colocado para fora”, disse.

O general Gustavo Henrique Dutra, ouvido nessa quinta-feira (18/5) pela CPI, rebateu acusações de que o Exército teria impedido a desmobilização do acampamento golpista.

Dutra afirmou na CPI que a Força “tentou desmotivar o acampamento desde o início”, que adotou “estratégia indireta para desmobilizar” aquele ato e que nenhuma instituição caracterizou a manifestação como ilegal.

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