Nos próximos dias, quando o governo voltará todos os esforços para aprovar o arcabouço fiscal, o Congresso tem uma carta na manga para pressionar o Palácio do Planalto a desembolsar verbas e atender deputados e senadores.
Está prevista para a próxima terça-feira (23/5) a apresentação de uma primeira versão do relatório da Medida Provisória da Esplanada, elaborado pelo deputado Isnaldo Bulhões, do MDB de Alagoas, com diversas demandas do Centrão que devem ser atendidas.
A data, porém, pode ser adiada. A pressão que o relatório deve impor ao governo fica maior conforme o tempo passa, porque a Medida Provisória precisa ser votada até 1º de junho, em duas semanas. Quanto mais perto desse prazo, mais eficiente é a faca no pescoço.
A MP é a que criou a estrutura atual do governo Lula, dando aos atuais ministérios suas competências.
A volta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Ministério da Agricultura é uma das mais cotadas para figurar no relatório. Além disso, pode haver uma transferência de competências sobre povos indígenas para o Ministério da Justiça, além de uma proposta de tirar a área de coordenação de investimentos da Casa Civil e incorporá-la ao Ministério de Planejamento de Simone Tebet, do MDB.
No geral, as propostas que circulam no Centrão visam esvaziar os ministros petistas, como Rui Costa (Casa Civil), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), entre outros.
Ninguém sabe ao certo o que será acatado por Bulhões. O deputado tem evitado dar pistas, segundo interlocutores recentes, o que é parte da estratégia para tirar o máximo possível do governo com uma negociação em cima da hora.