Muy amigo A aliança com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) tem causado incômodo na cúpula do PT baiano. Embora ainda não estejam arrependidos com o retorno do MDB à base, petistas confidenciaram que a postura de Geddel provoca desconforto, em especial devido à recente subida de tom dele contra o PT. O burburinho já chegou a Brasília, e o nome do ex-ministro circulou nessa semana num encontro entre os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino (Justiça). A pergunta que fica é: qual terá sido o teor da conversa? Ringue da toga Uma briga entre desembargadores tem agitado os bastidores do judiciário baiano. São 4 os magistrados que lutam por uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que definirá uma lista a ser enviada para escolha do presidente Lula. O ministro Rui Costa e o senador Jaques Wagner (PT) já prometeram apoio a todos eles. E se engana quem pensa que a situação vai melhorar após a escolha. Detalhe: a Bahia, na melhor hipótese, pode emplacar um ministro. Será um contemplado e três nada satisfeitos. Metralhadora ambulante Que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) não gosta muito de críticas todo mundo já sabe. Mas as reações do petista têm sido cada vez mais ríspidas e hostis. Prova disso aconteceu nesta semana quando Jerônimo, ao falar do centro de convenções abandonado pelo estado, ligou a metralhadora de agressões: desdenhou do novo centro construído pela Prefeitura de Salvador, atacou o adversário na eleição passada, ACM Neto (União Brasil), e sobrou até o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil). Mais uma vez com a postura reativa e agressiva às críticas que recebe, Jerônimo só esqueceu de responder o que pretende fazer com o ‘cartão postal’ deixado no Stiep em estado de sucata. Sem apresentar solução, o governador preferiu mais uma vez atacar os adversários do que dar uma resposta. Para que tá feio… Perdido Pior do que a falta de respostas é o bate cabeça do governo em torno do centro de convenções. Enquanto o ex-governador Rui Costa (PT) jurava de pés juntos que daria uma solução, seja resolvendo o imbróglio do antigo equipamento ou construindo um novo centro, inclusive sugerindo o Parque de Exposições como nova sede, Jerônimo deu a entender de que, oito anos após o desabamento, não tem ideia do que fazer com a sucata. O governador avisou que não vai construir um novo centro e jogou a responsabilidade sobre o abandono para a Secretaria de Administração (Seab) e Procuradoria Geral do Estado (PGE). Plano de implosão A caça do PT para filiação de prefeitos pode dar início a uma guerra fria nos bastidores da base do governo que pode ter impactos nas eleições de 2024. Emissários de partidos aliados já sinalizam desconforto com o assédio da legenda aos seus quadros e não escondem que a ofensiva pode fazer implodir as relações num futuro breve. Eles cobram que o governador Jerônimo faça prevalecer a promessa de que os partidos não seriam deixados em segundo plano ante à ambição de protagonismo do PT. Interlocutores garantem que se a caravana de filiação petista avançar um pouco mais, será uma espécie de cada um por si e Deus por todos. A insatisfação já chegou até em caciques do PSD, maior partido da base governista. Bate cabeça O “cada um por si” na base governista já vem sendo pregado em algumas das grandes cidades da Bahia justamente pela falta de entendimento. Dois exemplos são Vitória da Conquista e Juazeiro, onde o PT bate o pé firme para lançar candidatura própria, irritando partidos aliados. Na primeira, o MDB espera um apoio – considerado pelo partido cada vez mais distante – do PT para a candidatura da vereadora Lúcia Rocha. Já em Juazeiro, o PCdoB do deputado estadual Zó, que quer ser candidato, esperava o apoio do PT, mas ao que parece os petistas não querem abrir mão de ter um candidato. Prepara o bolso Está nas mãos do governador Jerônimo a decisão que pode colocar a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) nas mãos da iniciativa privada. O petista já autorizou a realização de estudos para avaliar o valor de mercado da empresa, o que abre definitivamente caminho para um possível processo de privatização. Se levar a ideia adiante, Jerônimo pode fazer os baianos pagarem mais caro pelo gás de cozinha, assim como já pagam a gasolina mais cara do Brasil. A medida pode colocar por terra o discurso de que ele governa para os mais pobres e até arranhar a mobilização de combate à fome, já que o gás é item fundamental e o petista está tentado a colocar a companhia baiana a serviço do mercado de capitais. Petistas e aliados já falam que a privatização poderá representar “um golpe na mesa das famílias baianas”, sobretudo nas mais carentes. Arrasta pé fiado O Governo da Bahia já comprometeu R$ 186 milhões em contratos e patrocínios para os festejos juninos deste ano, conforme aponta balanço parcial feito nesta quinta-feira (13). Mas a tendência é que o valor continue a subir nos próximos dias e alargue ainda mais o limite de R$ 100 milhões que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) havia projetado para o período. A gastança fora do planejado incide no risco de o gestor ser enquadrado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, sobretudo porque a Sufotur – superintendência responsável pelos pagamentos – não tem dinheiro em caixa para pagar a fatura, o que pode deixar o arrasta pé de muita gente pendurado no fiado. Prioridades de Jerônimo Em termos de comparação, Jerônimo gastou no São João quase três vezes mais do que executou de orçamento na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades), criada este ano com a tarefa de combater a fome no Estado. Em seis meses, a pasta executou R$ 63 milhões nas ações que havia planejado. A disparidade lança por terra a retórica do petista, já que os discursos não são acompanhados de ações. Inimigo em casa Beira o absurdo a narrativa do grupo de Jerônimo sobre a derrubada dos incentivos fiscais à BYD durante a votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados, o que pode inviabilizar a vinda da empresa chinesa para a Bahia. Ao atacarem integrantes da oposição dizendo que “estão torcendo contra”, os petistas esquecem que quem deu o voto decisivo a favor da derrubada foi o deputado federal Otto Filho (PSD), aliado de primeira hora do PT no estado, enquanto a oposição no estado votou para manter os incentivos. Alô, Jerônimo: quem torceu e votou contra foi o seu próprio aliado. Simbólico Passou por unanimidade no TCM-BA a aprovação das contas do ex-prefeito de Jitaúna e hoje deputado estadual Patrick Lopes (Avante). A relatora do processo foi a conselheira Aline Peixoto, esposa do ex-governador Rui Costa (PT), que foi o fiador da cadeira que Patrick conseguiu na Assembleia Legislativa nas eleições do ano passado. Apesar do voto favorável, a conselheira fez uma leitura criteriosa em seu voto sobre como o então gestor municipal manuseou o orçamento, apontando ressalva e aplicação de multa no valor simbólico de dois mil reais. Dureza seletiva Por outro lado, a conselheira tem sido mais rigorosa com prefeitos que integram partidos da oposição no estado. Gestores do grupo de oposição têm comentado que estão receosos por seus processos caírem nas mãos da ex-primeira-dama do Estado.