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Lula muda a cara do governo para acomodar Centrão, mas deixa anúncio para depois da viagem à África

Ao voltar da África, para onde viaja no próximo domingo para participar da 15ª Reunião da Cúpula dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai finalmente anunciar a dança das cadeiras para acomodar o Centrão no governo. Foram negociações difíceis com o PSB e PT, que relutam em perder espaço na Esplanada dos Ministérios. A decisão já está tomada e o presidente Lula está convencido de que, sem apoio no Congresso, o governo vai se arrastar. Além disso, a aliança com o Centrão afasta uma eventual ameaça de impeachment. A amarração com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, visa principalmente este seguro contra impeachment e estabilidade política. Apesar de ter chamado Lira de adversário político, Lula se aproximou tanto do presidente da Câmara que desta vez o presidente da República foi ao chefe da Casa Baixa para amarrar as mudanças.

O vice-presidente Geraldo Alckmin sairá do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ficará sem pasta. Por outro lado, ganhará maior protagonismo como vice. Em outubro, Alckmin vai assumir a Presidência por um período maior, com o programado afastamento de Lula para a cirurgia no quadril. O deputado André Fufuca (PP-MA) vai assumir a pasta de Wellington Dias, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), mas sem o Bolsa Família. O projeto será transferido para outro ministério do PT. Filho de político influente, o Fufuca pai (Fufuca Dantas), prefeito de Alto Alegre do Pindaré, uma progressista cidade do Maranhão, o parlamentar é bem articulado na Câmara e ligado ao presidente Arthur Lira. Outro filho de político renomado, o deputado Sílvio Costa Filho vai para o Ministério de Portos e Aeroportos. O deputado Sílvio Costa Filho, como o nome indica, é filho do ex-deputado e agora suplente de senador por Pernambuco, Sílvio Costa.

As mudanças chegam também à Caixa Econômica Federal, onde a ocupação pelo PP será total. Indicação de presidência, diretorias e representações regionais. “A Caixa é melhor do que três ministérios juntos”, segundo um deputado do PP, que comemora a chegada ao governo. A indicada é a ex-deputada Margareth Coelho, alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas aceita por petistas. Coelho possui posicionamento neutro com relação ao PT, o que pesou a favor dela. Além disso, Lula não queria perder outra mulher na estrutura de governo. Um maior equilíbrio de gênero foi uma das bandeiras desde a campanha, mas Lula já teve que trocar Daniela Carneiro por Celso Sabino no Turismo e recebeu cobranças de aliados da esquerda. No entanto, o presidente deve abrir mão de mais um ministério comandado por uma mulher.

Com a dança das cadeiras, o ministro e senador licenciado do PT, Wellington Dias vai para o lugar de Geraldo Alckmin e assume o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e deve comandar o projeto Bolsa Família também. O ex-governador de São Paulo e ministro Márcio França sai do Ministério de Portos e vai para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, hoje com a ministra Luciana Santos. Não há informação ainda sobre recolocação da ministra, mas, caso ela fique sem ministério, as mulheres podem perder ainda mais espaço no governo. Apesar da pressa do Centrão em chegar aos cargos, o anúncio oficial só será feito na volta do presidente Lula da viagem à África. Haverá, portanto, um tempo ainda para mudanças neste quadro acertado com o PP e Republicanos.

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