O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), trocou mensagens com o advogado Fábio Wajngarten sobre joias presenteadas à Presidência da República. “O pior é que está tudo documentado”, escreveu o militar.
O material foi obtido pela jornalista Juliana Dal Piva, do portal Uol, e divulgado neste sábado (2/9). A conversa entre Cid e Wajngarten ocorreu em 3 de março deste ano, via WhatsApp.
Na ocasião, Cid enviou ao advogado o link de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que revelava a apreensão de um kit de colar e brincos com diamantes, avaliado em aproximadamente R$ 5 milhões, no aeroporto de Guarulhos, em 2021.
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Vinícius Schmidt/Metrópoles
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro Vinícius Schmidt/Metrópoles
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro Vinícius Schmidt/Metrópoles
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fica em silêncio durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro
Mauro Cid na CPMI Vinícius Schmidt/Metrópoles
As joias chegaram ao país com um assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Segundo a reportagem enviada por Cid a Wajngarte, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria tentado recuperar os itens em dezembro de 2022.
“Eu nunca vi tanta gente ignorante na minha vida”, escreveu Wajngarten a Cid após receber a reportagem. O tenente-coronel respondeu: “Difícil mesmo. O pior é que está tudo documentado”.
“Documentado como? Explique-me, por favor”, continuou Wajngarten. Cid, então, enviou uma série de mensagens ao advogado. O conteúdo, no entanto, foi apagado em seguida.
Cid mencionou Receita Federal De acordo com o material obtido pelo Uol, na mesma data, Cid enviou áudios a Wajngarten afirmando que Bolsonaro foi avisado pela Receita Federal sobre o kit de joias apreendido.
“O presidente só ficou sabendo no final do aon, quando o chefe da Receita avisou que tinha um bem presenteado para ele que estava ali. Então foi só bem no final do ano que ele ficou sabendo. Não sei dizer a data. Tanto que, em 2022, ninguém tocou nisso ai. Por isso que entrou para leilão, porque ficou mais de um ano”, afirmou.
Wajngarten respondeu horas depois fazendo uma série de perguntas a Cid sobre a localização de um segundo pacote de joias, que incluia um kit rosé da grife Chopard. Os itens entraram clandestinamente no Brasil. “Onde está o acervo dele?”, “Quem cuida?”, questionou o advogado.
Cid respondeu: “Deve estar em algum depósito. O militar também mencionou o coronel Marcelo Câmara, auxiliar de Bolsonaro, como responsável por cuidar dos itens.
Ainda segundo as mensagens, o advogado defendeu que o segundo pacote fosse entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU). “Acho que tínhamos de disponibilizar o bem imediatamente através do advogado”, disse. Cid respondeu: “Perfeito”.
O militar, no entanto, não mencionou que as joias estavam nos Estados Unidos e que havia tentado vendê-las em Nova York, como investiga a Polícia Federal.
A reportagem do Metrópoles procurou o advogado Fábio Wajngarten e a defesa de Mauro Cid para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
Operação Lucas 12:2 A operação deflagrada em 11 de agosto pela Polícia Federal (PF) investiga a venda de presentes oficiais dados ao Estado brasileiro pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e pelo general da reserva Mauro César Lourena Cid, pai de Cid.
Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior.
Os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
Depois da venda, o dinheiro entraria no patrimônio pessoal dos suspeitos por meio de terceiros, sem que bancos ou instituições financeiras formais fossem acionadas. Assim, origem, localização e propriedade dos valores eram escondidos.